Economistas internacionais preveem uma recessão econômica global no meio de 2020, já que os números da economia chinesa foram os piores dos últimos trinta anos. O Banco Central estadunidense lançou um pacote econômico emergencial no valor de US$ 1,5 trilhão, e nem isso está impedindo o colapso. A intenção principal é diminuir taxas de juros e aumentar o volume de empréstimos para negócios. Governos do mundo todo estão tomando medidas especiais de regulamentação especiais para diminuir o impacto sentido nos mercados. Medidas parecidas estão sendo tomadas na Rússia. Quais os interesses e de quem?
Um pacote de políticas para enfrentar a crise já está sendo preparado pelo governo russo, segundo aos maiores veículos de notícias econômicas do país, Vedomosti e Kommersant. O plano envolve injeções de dinheiro no mercado gigantescas, com a criação de um fundo para combater a crise de 300 bilhões de rublos russos (US$ 3,6 bilhões), bancado pela “otimização” de gastos públicos. Os principais itens da legislação incluem descontos e extensões de prazos no pagamento de impostos empresariais, poder de utilizar o coronavírus como justificativa para o não cumprimento de contratos estatais, e “possíveis” pagamentos a desempregados dependendo de desdobramentos no mercado de trabalho.
A economia capitalista é particularmente vulnerável durante uma crise associada não apenas ao coronavírus, mas também à volatilidade do preço do petróleo. O Ministro de Finanças da Rússia, Anton Siluanov, disse que a pandemia afetará a economia muito mais que uma simples queda no preço do barril, de US$ 50-60 para US $30-35.
O vírus está derrubando os mercados globais, criando pânico nos acionistas e gerando perdas enormes. As iniciativas para combater a crise adotadas pelas maiores economias do mundo são, em primeiro lugar, feitas para sustentar os grandes interesses corporativos e mercados financeiros. Até mesmo a ajuda ao desempregado é descrita como “possível”, quando podemos falar em certezas sobre o apoio governamental multibilionário que as maiores empresas receberão.
Enquanto o mundo é abalado por uma horrível pandemia, é natural de se esperar que o Estado defenda os grandes interesses corporativos.
*Texto publicado originalmente no site russo ROT Front, que não divulga artigos assinados por questões de segurança.
Edição: Vivian Fernandes