No dia 15 de fevereiro deste ano, a Justiça Federal condenou o missionário Luiz Carlos Ferreira, ligado à Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), a dois anos e oito meses de reclusão, por fornecer uma espingarda para indígenas da etnia Zo’é, no norte do Pará, em outubro de 2010.
A Missão Novas Tribos do Brasil evangeliza indígenas pelo país desde a década de 1950. Recentemente nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para a Coordenação Geral de Índios Isolados, o pastor Ricardo Lopes Dias também trabalha para a entidade.
Um dos líderes da MNTB é o missionário Edward Gomes Luz, que recentemente viu seu nome sair das sombras após seu filho, o antropólogo Edward Luz, ser detido por agentes do Ibama enquanto tentava invadir a Terra Indígena Ituna-Itatá, no município de Altamira, também no Pará.
Contato "extremamente danoso"
A ação contra Ferreira foi movida pelo Ministério Público Federal do Pará (MPF-PA) em 2016, após longa investigação do órgão sobre a atuação da MNTB junto ao povo Zo’é, que é de recente contato – ocorrido em 1989. Luiz Carlos Ferreira também foi acusado de submeter 96 indígenas a trabalho análogo à escravidão. Porém, foi absolvido por falta de provas.
Ainda de acordo com MPF-PA, a atuação dos missionários em áreas do povo Zo’é provocou “epidemias mortais entre os índios” e foi “extremamente danosa” para as aldeias.
Na sentença, o juiz federal Domingos Daniel Moutinho criticou o método os missionários da MNTB na região.
“A introdução do armamento na realidade da etnia trouxe diversos riscos tanto para a integridade físicas dos indígenas quanto para a sua cultura. A contração de doenças quando do contato para a aquisição de munição e a sedentarização do povo diante do seu uso para caça, são alguns dos elementos que exasperam a gravidade concreta da conduta.”
Edição: Rodrigo Chagas