A rede de supermercados Guanabara anunciou que pretende demitir até 4 mil trabalhadores no Rio de Janeiro ao longo dos próximos meses. Em seu argumento, a empresa informou ao Sindicato dos Comerciários que pretende implementar a jornada de 12 por 36, banco de horas e contrato intermitente. O Sindicato rejeitou a proposta e quer negociar pela manutenção dos empregos.
A flexibilização das leis trabalhistas passou a ser permitida a partir da aprovação da reforma no governo de Michel Temer (MDB). O governo de Jair Bolsonaro (sem partido) tem mais propostas que também retiram direitos dos trabalhadores. Aprovada em 2017, a reforma trabalhista não gerou os empregos que prometia e deixou o trabalhador com menos direitos e mais vulnerável.
Na terça-feira (11), representantes da rede e o Sindicato dos Comerciários se reuniram e o Guanabara sugeriu que pode recuar e demitir 1.500 funcionários. A rede também afirmou que pode abrir mão da jornada intermitente e do banco de horas. Na próxima quarta-feira (19), Guanabara e sindicato se reúnem para uma nova rodada de negociações.
Para o presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio, Márcio Ayer, houve um avanço, já que o Guanabara pode desistir das 4 mil demissões, mas ele lembra que a tentativa de dispensa ocorre no pior momento da economia. A taxa de desemprego no Brasil é de 11,2% e atinge quase 12 milhões de trabalhadores.
“Tivemos avanço, mas ainda é insuficiente e não atende ao desejo dos trabalhadores. Esperamos que na próxima reunião o supermercado possa trazer uma proposta melhor. Estamos atualmente em um cenário no nosso país de medidas que desqualificam os trabalhadores, removendo os seus direitos, além da alta taxa de desemprego e da informalidade”, disse o sindicalista.
Retirada de direitos
O sindicato também informou que o supermercado cortou adicional de 100% dos funcionários que trabalham em datas como feriado, mas não comunicou a medida aos trabalhadores.
Nas redes sociais, internautas criticaram o silêncio da mídia sobre as demissões, que causariam impacto em pelo menos 4 mil famílias. A falta de informações sobre a dispensa coletiva é atribuída ao fato de o Guanabara ser um dos maiores anunciantes do estado do Rio, com verba publicitária de cerca de R$ 100 milhões por ano, segundo informou o sindicato.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Vivian Virissimo e Camila Maciel