Cães farejadores da Polícia Militar (PM) encontraram vestígios de que Carlos Eduardo dos Santos Nascimento, 20 anos, teria passado pela mata no município de Jarinu (SP), a cerca de 35 km do local onde o jovem desapareceu no dia 27 de dezembro, após ser abordado por PMs em um bar de Jundiaí (SP), no interior de São Paulo.
Eduardo Aparecido Nascimento, pai de Carlos Eduardo, confirmou a informação ao Brasil de Fato. “A Corregedoria afirmou que o cheiro encontrado pelos cães é dele. Eles pegaram uma roupa dele na casa da mãe e, pelo olfato do cachorro, o cachorro identificou que era ele. Foi localizado o cheiro dele em dois pontos na mata.”
Entretanto, ainda há dúvida sobre se o jovem teria passado pelo local antes ou após o desaparecimento. “Os policiais falaram que ele passou por lá e, conforme explicaram, o cachorro só sente o cheiro quando a pessoa está viva, depois que está morta não sente mais o cheiro. Eles não tem certeza se ele passou por ali com vida e dali sumiram com ele. Ou se ele já tinha passado por ali em algum tempo atrás”, explica o pai.
Policiais afastados
Carlos Eduardo é ajudante de caminhão de mudanças e estava com quatro amigos em um bar no São Camilo, região periférica de Jundiaí (SP), quando agentes da PM realizaram uma abordagem no local.
Há um indício de envolvimento dos policiais.
Depois de serem revistados e algemados, somente Carlos Eduardo teria sido levado na viatura da PM. Ele era o único negro que estava no local. O caso foi registrado como desaparecimento no fim do ano passado. Só seis dias depois, a Polícia Civil iniciou buscas pelo jovem. Sete dias após o jovem sumir, a Corregedoria identificou a viatura que realizou a abordagem.
O ouvidor das Polícias de São Paulo, Benedito Domingos Mariano, acompanha a investigação e afirmou que os agentes podem ter relação com o caso. “A Corregedoria confirmou que uma viatura estava próxima do local, os policiais desta viatura foram afastados. Então há um indício de envolvimento dos policiais. Segundo as testemunhas teriam feito a abordagem e a partir da abordagem o Carlos sumiu. É a partir deste ponto que está se dando as investigações”, explicou
Sem registro
Já os policias envolvidos, que agora realizam funções administrativas internas, negam a abordagem. Segundo Mariano, a negativa dos agentes dificulta o avanço das investigações. “Não tem nenhuma prova, porque os policiais negam que fizeram a abordagem. Então tem que aguardar alguma prova técnica.”
Os policiais registraram internamente a abordagem dos quatro amigos brancos, mas não há registro sobre Carlos Eduardo. A Corregedoria ainda não conseguiu registrar as testemunhas.
Segundo a família do jovem há dificuldade está no medo de retaliação por parte da PM. “Eles estão com medo, não só eles como todo mundo que viu a abordagem está com receio de ir conversar na Corregedoria e ir conversar na Polícia. Não sei o porquê, mas estão com medo de ir conversar e falar o que realmente aconteceu”, confirmou o pai de Carlos Eduardo.
A Corregedoria segue com as investigações e, agora, intensifica as buscas na região.
Edição: Rodrigo Chagas