Depois de 30 dias reclusos na Fundação Casa, Ytalo Gabriel Carvalho, de 16 anos, e Arlailson da Silva, de 17 anos, moradores do Jardim São Remo, na zona oeste da capital paulista, foram liberados no início da noite desta quinta-feira (15) após 30 dias de detenção..
Em audiência realizada pela tarde na 5ª Vara Especial da Infância e Juventude, no bairro do Brás, em São Paulo (SP), o juiz Rodrigo Marzola Colombini, decidiu "por livre convencimento" libertar os adolescentes até o julgamento, marcado para 12 de setembro.
Ytalo e Arlailson são acusados de terem roubado um carro no bairro Jaguaré, zona oeste de São Paulo, e feito a motorista refém. A única prova apresentada até o momento pela acusação é o reconhecimento da própria vítima, uma policial militar de 37 anos.
Na audiência desta quinta foram ouvidas as duas partes. A policial manteve o reconhecimento dos dois jovens e prometeu trazer na próxima audiência duas testemunhas que comprovariam sua versão.
Familiares, que compareceram em peso à audiência, apontaram inconsistências no depoimento dos policiais envolvidos na prisão. "Cada um falou uma mentira. Nós víamos na cara. Teve um que falou que o Ytalo estava de blusa azul mas ele não estava", disse a mãe de Arlailson, Iracema Rosa da Silva.
"Ele me deu parabéns pelo meu filho. Pelo relatório da Fundação Casa, ele viu que está tudo ótimo", agregou Iracema, em referência a um elogio feito pelo magistrado durante a audiência.
Maria Ivone de Carvalho, mãe de Ytalo, comemorou a decisão. "Agora é só esperar meu filho sair. Eles estão muito felizes. Estão confiantes. Foram escutados e respeitados. Não tem como explicar o tamanho da minha felicidade, só sentindo", completou.
Na saída do local, os policiais que prestaram depoimento fizeram gestos obscenos em direção a dezenas de familiares e amigos que acompanhavam a audiência do lado de fora.
Segundo família, adolescentes estavam em outro lugar na hora do crime
Os jovens asseguram que saíram na noite de 16 de julho em direção à casa da namorada de Ytalo, no bairro do Jaguaré, em endereço diferente do que consta no Boletim de Ocorrência (BO).
Ivone, mãe de Ytalo, afirma que o mapeamento do celular mostra que os adolescentes chegaram ao endereço da namorada de seu filho às 21h38min. De acordo com o BO, o crime teria ocorrido às 21h40min. Os aparelhos com todas as informações necessárias foram entregues à justiça e passam por aferição técnica.
Nakano também solicitou que o Batalhão da PM envolvido no caso enviasse os itinerários e o geoposicionamento por GPS das viaturas que participaram da ocorrência no prazo de 10 dias.
Francisco Chagas, advogado responsável pela defesa dos garotos, também solicitou ofícios da Justiça para que os estabelecimentos que possuem câmeras de segurança localizados no trajeto feito pelos garotos, liberassem as imagens daquela noite.
A Polícia Militar afirma que Ytalo e Arailson teriam sido vistos próximos do carro roubado, a 1,5 km do local do assalto, e fugido ao avistar a viatura.
Levados ao 91º Distrito Policial, a policial militar que teve o carro roubado reconheceu “sem a menor sombra de dúvidas” Arailson como sendo o jovem que lhe abordou armado e Ytalo como aquele que a manteve retida.
*Com reportagem de Lu Sudré
Edição: Rodrigo Chagas