Durante a campanha presidencial de 2018, o presidente Jair Bolsonaro disse em mais de uma ocasião que não faria demarcações de territórios indígenas e quilombolas.
A regra, seguida à risca pelas entidades responsáveis neste primeiro ano de governo, restringiu também o acesso à terra para trabalhadores rurais que lutam pela reforma agrária.
Em entrevista ao Brasil de Fato, Denildo Rodrigues, dirigente da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), afirma que quilombolas de todo o país seguem em luta, desafiando a falta de titulações, os ataques às populações tradicionais e as invasões aos territórios.
Rodrigues, conhecido como Biko, citou o caso emblemático da comunidade quilombola vizinha à da Base de Alcântara, no Maranhão, que vive sob a especulação de cessão de sua área para interesses militares dos Estados Unidos.
::Comunidades quilombolas de Alcântara (MA) temem futuro com presença dos EUA na região::
"A luta das comunidades quilombolas e dos negros do Brasil não é de agora. Ela começa lá na África e quando o primeiro navio negreiro desembarcou aqui no país", argumentou o coordenador da Conaq.
O Estado brasileiro reconhece cerca de 3 mil comunidades. No entanto, a Conaq alerta que este número é muito maior e pode chegar a mais de 6 mil comunidades em todo o Brasil.
Nascido no Vale do Ribeira, no interior do estado de São Paulo, e morador do Quilombo de Ivaporunduva, Biko explicou que a morosidade em reconhecer os territórios é uma "estratégia política".
"Determinados setores da sociedade não querem que estes territórios sejam demarcados. O agronegócio tem terras sobrepostas aos territórios quilombolas, os grandes latifundiários, as empresas mineradoras, a especulação imobiliária. Todas elas têm representação no Congresso e no Executivo", assevera.
Confira a entrevista completa com Biko Rodrigues:
Edição: Rodrigo Chagas