Liberdade

“Lula livre altera correlação de forças para a esquerda”, avalia cientista político

Armando Boito, da Unicamp, destaca que o retorno do ex-presidente ocorre em um momento de desgaste de Bolsonaro

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Cientista político Armando Boito avalia conjuntura política após libertação de Lula, ao vivo, na Rádio Brasil de Fato
Cientista político Armando Boito avalia conjuntura política após libertação de Lula, ao vivo, na Rádio Brasil de Fato - Marcelo Cruz/Brasil de Fato

O cientista político Armando Boito, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), avalia que há uma mudança na correlação de forças da conjuntura política após libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

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“Ter Lula livre agora para organizar a esquerda, a centro-esquerda, é muito importante. Tenho dito que não é uma varinha de condão, mas é uma alteração significativa na correlação de forças. Isso em um momento em que governo de [Jair] Bolsonaro está desgastado”, disse em entrevista à Rádio Brasil de Fato neste sábado (9).

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O ex-presidente foi libertado nessa sexta-feira (8), após 580 dias de detenção na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba. A Justiça expediu alvará de soltura, atendendo pedido da defesa do ex-presidente motivado pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou, na quinta-feira (7), a execução de pena após condenação em segunda instância.

Vitória 

Boito lembra que o movimento democrático e popular acumulou, no último período, derrotas, como o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff; a aprovação de reformas, como a trabalhista e a da Previdência; a prisão de Lula; e o avanço do neofascismo com a vitória de Jair Bolsonaro nas últimas eleições. 

“É a primeira grande vitória da esquerda nos anos recentes. Hoje quem tá chorando é a direita e extrema direita. Estão amargando essa derrota”, apontou.

O cientista político destaca que, embora não tenha havido um grande movimento de massas pela liberdade do ex-presidente, o tema esteve presente no contexto nacional pela ação de organizações populares que mantiveram na pauta a defesa de Lula. “Foi mantida acesa uma luz, que afirmava a perseguição a Lula e que ele estava preso injustamente. Isso pesou na decisão dos membros do STF”, avaliou.

Reação

Boito avalia que a reação da direita e extrema direita deve ocorrer nas ruas e no Congresso. “No voto do [ministro do STF] Dias Toffoli, ele declarou que estava apenas aplicando a lei e Congresso que mudasse a lei. Maia estava segurando a PEC [Proposta de Emenda à Constituição] que estabelecia a execução antecipada da pena. Há uma discussão sobre ser cláusula pétrea”, destacou.

Edição: Camila Maciel