Estatais

Na mira da privatização, Eletrobras pode ter mais 3 mil demissões, calcula sindicato

De 2016 para cá, total de trabalhadores de estatal brasileira de energia elétrica caiu de 26 mil para 14 mil

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Privatização vai na contramão das políticas energéticas adotadas no mundo, afirma Cássio Carvalho, da UFABC
Privatização vai na contramão das políticas energéticas adotadas no mundo, afirma Cássio Carvalho, da UFABC - Foto: Furnas

À caminho da privatização, desejo explícito do governo Jair Bolsonaro (PSL), a Eletrobrás demitirá 1.041 trabalhadores terceirizados de sua subsidiária Furnas. O anúncio, feito pela estatal em 16 de outubro, gerou críticas de especialistas do setor. A empresa é responsável por quase metade da energia elétrica consumida no Brasil.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo (Sinergia), em 2016 o sistema Eletrobrás tinha 26 mil empregados. Hoje, são 14 mil. Há a previsão do fechamento de mais 3 mil postos de trabalho até dezembro deste ano.

A justificativa para as demissões em Furnas é econômica. De acordo com a estatal, haverá uma economia de R$ 200 milhões por ano com o desligamento dos 1.041 funcionários.

Para Cássio Carvalho, engenheiro elétrico da Universidade Federal do ABC (UFABC), em entrevista à TVT, o discurso da economia não é coerente, já que o lucro da estatal no ano pode superar o valor de sua possível venda para a iniciativa privada.

“O lucro líquido no primeiro trimestre foi de R$ 5,5 bilhões. O ministro [Almirante Bento Costa Lima Leite] afirma que a venda para o capital privado vai gerar de R$ 16 bilhões a R$ 18 bilhões. Ou seja, as contas não batem”, diz Carvalho.

Ele critica o processo de privatização do setor: “Vai na contramão das políticas energéticas que vêm sendo adotadas ao redor do mundo. Uma empresa [privada] que vai deter a gestão de uma usina hidrelétrica, ela não vai pensar ao longo do rio, pra cima ou para baixo, ela vai pensar em gerar energia. Ela não vai pensar [por exemplo] em abrir uma comporta para abastecer uma comunidade abaixo do rio, ela não vai deixar isso acontecer, porque isso é perda de lucro”, explica.

Edição: João Paulo Soares