O Brasil de Fato Ceará começa hoje (18) uma série especial, em virtude das comemorações dos 30 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Ceará, que vai apresentar perfis de cinco militantes da luta pela reforma agrária que serão homenageados pela sua trajetória na história do MST (CE). Fazendo parte das comemorações acontecerá dia 24 de setembro uma sessão solene na Assembleia Legislativa que contará também com a entrega do título de cidadão cearense ao economista e integrante da direção nacional do MST, João Pedro Stédile.
Maria de Fátima Miguel Ribeiro, nasceu na Fazenda Mosquito em Linhares Espírito Santos no dia 18 de março de 1966. Filha de Adir Francisco Ribeiro e da Santa Miguel Ribeiro que tiveram 18 outros filhos, sendo nove mulheres e nove homens.
Iniciou sua militância ainda na cidade de nascimento, aos 16 anos, a partir dos grupos de jovens, equipe de liturgia e da Comissão Pastoral da Terra (CPT), no mesmo período também iniciou a participação no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Linhares. Queria ajudar o seu pai nas causas populares, inclusive na tentativa de reaver as terras do seu avô que teriam sido roubadas.
Em 1982 a mandaram para São Paulo ajudar sua irmã Vera, mas na verdade era uma tentativa de afasta-la do trabalho social que desenvolvia em Linhares. Em São Paulo já foi para a igreja e lá começou a participar do grupo de jovens. A partir do episódio da expulsão do seu pai da terra, inclusive com agressões físicas para que o mesmo não entrasse na justiça, foram os motivos para Fátima Ribeiro ingressar no movimento da luta pela terra.
Sua primeira participação em uma ocupação se deu em 25 de outubro de 1985 com 300 famílias, no município de São Mateus, norte do Espírito Sando, fruto das primeiras articulações do Movimento Dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região, Fátima ficou responsável de organizar as famílias de Linhares. Em 1989 foi convocada para ajudar o MST no estado do Ceará, em fevereiro do mesmo ano consegue articular famílias de Canindé, Quixeramobim e Quixadá que participaram da primeira ocupação do MST no estado, no dia 25 de maio de 1989. Permaneceu em terras cearenses até 1998 com a tarefa de organizar o movimento nas regiões, articulação com a cidade e dar organicidade ao MST.
Em março de 1998 foi designada para contribuir com o MST no Rio Grande do Norte. No período de 1998 a 2009, ajudou a expandir o MST RN nas regiões do estado e a retomar a articulação campo e cidade. Em 2010 retorna ao Espírito Santo, seu estado de origem, para contribuir com o movimento no estado e prestar cuidados ao pai.
Fátima Ribeiro foi enviada para representar o MST no Congresso dos Trabalhadores Campesinos da República Dominicana em 1988, com cinco mil delegados, também estudou na Escola das Mulheres em Cuba. Em 1991 foi a Estocolmo representar o MST no Prêmio Nobel Alternativo.
Edição: Monyse Ravena