Pela terceira vez neste ano, estudantes, professores e defensores da educação pública vão às ruas contra o governo Bolsonaro. Desta vez, além dos cortes no setor, motor dos atos de 15 e 30 de maio, está na pauta dos manifestantes o "Future-se", projeto lançado no mês passado pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) no mês passado, com medidas de estimulo à ingerência privada nas universidades públicas federais, inclusive por meio de Organizações Sociais (OSs).
Para comentar os atos do Tsunami da Educação, o Brasil de Fato conversou com Bia Carvalho, diretora de Comunicação da União Nacional dos Estudantes (UNE), e Roberto Franklin de Leão, secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
Para Leão, o "Future-se" e outras medidas para o setor, desde o governo Michel Temer (MDB), como a Reforma do Ensino Médio, apontam para "uma educação puramente instrumental, que relega disciplinas como a História, a Filosofia, a Arte. Eles querem alguém que saiba apertar parafuso, ler e escrever um pouquinho", argumentou o dirigente sindical.
Na opinião dele, o estrangulamento de verbas serve ao propósito político de destruir o caráter crítico do ensino: "A educação é o lugar onde você debate e você questiona, e isso afronta projetos políticos dessa natureza. Bolsonaro foi eleito presidente, mas se acha um imperador, um ditador".
Leão argumentou também que o atual projeto para a educação não se restringe a privatizar, mas avança no sentido da mercantilização: "Você coloca na prateleira a educação tipo A, tipo B e tipo C. Quem não consegue pagar a tipo A, paga a tipo B e por aí vai".
Bia Carvalho, da UNE, foi além. "O que o Bolsonaro coloca todos os dias para a gente é que não vai ter futuro nenhum. A gente não vai poder estudar, não vai poder trabalhar, não vai poder se aposentar”, afirmou ela, fazendo referência à retirada de direitos trabalhistas, à reforma da Previdência e às políticas para a pasta da Educação.
“Os estudantes têm um potencial de luta muito grande, têm disposição de estar na rua. Há disposição para estar nas ruas tanto nas questões específicas da educação quanto contra a reforma da Previdência”, disse Bia, que é estudante de pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
Confira a entrevista completa abaixo:
Edição: João Paulo Soares