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Partidos de esquerda de China e Venezuela ampliam relações em reunião do Foro de SP

Cuba e Coreia do Norte, países que também sofrem com sanções econômicas dos Estados Unidos, participaram do encontro

Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) |

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Partido Socialista Unido da Venezuela e Partido Comunista da China se reuniram em Caracas
Partido Socialista Unido da Venezuela e Partido Comunista da China se reuniram em Caracas - Foto: PSUV

Os partidos que governam a China, a Coreia do Norte, Cuba e Venezuela estiveram reunidos em Caracas, aproveitando a reunião do 25º Foro de São Paulo, que terminou no último domingo (28).

Esses países têm em comum serem alvos de sanções econômicas dos Estados Unidos.  

A China é um dos parceiros comerciais mais importantes da Venezuela. Nesta edição do Foro, o Partido Comunista da China deu um passo adiante para aprofundar os laços com o Partido Socialista Unidos da Venezuela, fundado pelo ex-presidente Hugo Chávez.

“Tivemos uma reunião com o objetivo de aprofundar as relações entre o Partido Comunista da China e o PSUV. A relação entre os dois partidos data de muito tempo. O PSUV visitou a China durante encontro do Partido Comunista”, contou ao Brasil de Fato o integrante do departamento internacional do comitê central do partido chinês, Wang Yulin.

Membro do Partido Comunista da China, Wang Yulin destacou boa relação com PSUV  (Foto: Fania Rodrigues)

O dirigente chinês disse ainda que o partido quer uma aproximação maior com a América Latina. “Queremos aprender muito com os partidos progressistas da América Latina. Alguns desses partidos também estão muito interessados em aprender com o Partido Comunista da China”, destacou

Wang Yulin foi enfático ao marcar a posição do governo da chinês quanto às ameaças de intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela: “A posição do governo e do Partido Comunista da China é bem definida. Consideramos os problemas da Venezuela é um assunto interno da Venezuela. E deve ser resolvido pelos venezuelanos".

"Nenhum país tem o direito de intervir nos assuntos internos de outros, porque o princípio de não intervenção integra a Carta das Nações Unidas e é uma norma fundamental das relações internacionais. Por isso condenamos uma possível intervenção militar”, completou.

A luta contra o bloqueio econômico

Coreia e Cuba, são os países no mundo que mais tempo carregam o peso do bloqueio comercial dos EUA.  

O coordenador do departamento de Relações Internacionais do comitê central do Partido Comunista de Cuba, Ángel Arzuaga Reyes, a unidade da esquerda é fundamental no atual cenário de acirramento ideológico no mundo.

“A principal tarefa hoje das forças políticas de esquerda é a articulação e união. Ter um plano de ação estratégico conjunto para derrotar o único inimigo que temos é o imperialismo norte-americano e seus aliados na região", explicou.

"Os Estados Unidos e seus aliados internos o único que lhes interessa são seus recursos naturais, não se importam com o povo”, continuou o dirigente do Partido Comunista cubano, abordando especificamente o bloqueio sofrido pela Venezuela.

Para ele, o nível de pressão sofrido atualmente pelo país governado por Nicolás Maduro seria difícil de resistir até mesmo se fosse aplicado contra uma grande potência. “Gostaria de ver se todo o continente se colocasse de acordo e tomasse, contra os Estados Unidos, as mesmas medidas que estão tomando contra a Venezuela. Duvido que resistissem como está resistindo o povo venezuelano", desafiou.

:: Como o bloqueio imposto pelos Estados Unidos afeta a vida dos venezuelanos ::

O representante do Partido dos Trabalhados da República Popular Democrática da Coreia, Ri Sung Gil, embaixador da Coreia do Norte na Venezuela, afirmou que os Estados Unidos aplicam sanções econômicas contra países que não comungam com sua doutrina.

Embaixador Ri Sung Gil, também dirigente do Partido do Trabalhado Coreia do Norte (Foto: Fania Rodrigues)

O cubano Reyes concorda e agrega que "o bloqueio já causo milhões e milhões de dólares em prejuízos ao povo, isso é uma violação agressiva e sistemática dos direitos humanos dos cubanos”.

Sung Gil lembra que seu país sofre há 70 anos com o bloqueio estadunidense. Apesar da recente retomada de diálogos entre o governo de Donald Trump e o presidente Kim Jong-un, a tensão entre os dois países permanece alta.

O embaixador norte-coreano Ri Sung Gil garante que seu país tem conseguido contornar as limitações do bloqueio econômico: “Nós já temos condições de ter uma vida normal, mesmo baixo sanções. Temos infraestrutura suficiente e poderosa, portanto uma economia nacional independente e soberana”.

Edição: Rodrigo Chagas