Inundação

Chuvas: rompimento de barragem ameaça comunidades no nordeste da Bahia

Segundo defesa civil, água e lama invadiram ruas e casas, mas população teria sido retirada a tempo das áreas de risco

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Água da barragem pode atingir vários bairros da região
Água da barragem pode atingir vários bairros da região - Reprodução TV Bahia

As fortes chuvas que atingem a região nordeste da Bahia levaram ao rompimento de uma barragem no povoado de Quati, na cidade de Pedro Alexandre, a 400 km de Salvador.

A barragem está associada a um reservatório de água - utilizado para abastecimento e irrigação da lavoura - e teria se rompido após receber as águas transbordadas de outro reservatório na região.

A Defesa Civil da cidade informou que não há feridos, porém mais de 100 famílias estariam desabrigadas. O rompimento ocorreu por volta das 11h desta quinta-feira (11), Uma mistura de água e lama invadiu ruas e casas da comunidade, mas a população teria sido retirada a tempo dos locais de maior risco.

"Algumas casas foram invadidas, mas não teve feridos. Ainda não conseguimos contato com esses moradores porque o povoado está ilhado. Tem muita lama e água no caminho. Apesar disso, sabemos que eles não foram atingidos porque entramos em contato antes, e eles deixaram as casas antes do rompimento", afirmou a coordenadora da defesa civil, Cala Leão, segundo informações do portal G1.

Segundo Carla Leão, coordenadora da Defesa Civil da cidade, algumas casas que ficam no povoado foram tomadas pela terra, que se misturou com a água da chuva e formou uma lama.

O Corpo de Bombeiros de Paulo Afonso foi acionado para ajudar nos atendimentos. Os órgãos alertam para necessidade de os moradores de Coronel João Sá, vizinha à Pedro Alexandre, deixarem as casas.

"A preocupação é com a cidade de Coronel João Sá. Ela está na rota que a lama seguirá. Então, pedimos que as pessoas procurem ajuda. Já fiquei sabendo que a prefeitura está fazendo o trabalho de retirada dos moradores. Muitos já foram para abrigos", completou a coordenadora.

Carlinhos Sobral, prefeito de Coronel João Sá, publicou um vídeo nas redes sociais alertando sobre o risco de as pessoas continuarem nas casas.

“Pessoal, a barragem do Quati estourou. É uma situação atípica. Nunca aconteceu isso com essa barragem. Nós não sabemos as consequências. Eu peço encarecidamente que todas as pessoas que moram em área de risco que saiam das suas casas, que peguem seus documentos pessoais, peguem seus objetos de valores, o que puderem levar. A gente não sabe as consequências, nunca passamos por ela. É melhor prevenir. Estou monitorando. Todas as escolas já estão disponíveis para receber as pessoas", afirmou o prefeito.

Os bairros que podem ser atingidos são: Beira Rio, Bonfim, José Antônio dos Santos, Santo Antonio (Rua velha), Galo, Barroquinha, além dos que estão próximos ao Rio do Peixe.

O Movimento dos Atingidos por Barragem se manifestou sobre o caso por meio de nota. Confira:

"Na Bahia, na região nordeste do estado, em um povoado no distrito de Quati, município de Pedro Alexandre, mais uma barragem se rompeu.

Segundo a Defesa Civil da região, a água se misturou com a terra formando uma espécie de lama que invadiu casas e deixou moradores ilhados. Não há informação sobre vítimas. A barragem foi construída pelo governo do estado, era de água salobra, e utilizada para pesca. 

A água já chegou ao município de Coronel João de Sá, onde centenas de pessoas tiveram que abandonar suas casas, na beira do Rio Peixe, divisa com Sergipe. 

Infelizmente, o Brasil sofre com mais um rompimento de barragem, reforçando o que o MAB tem denunciado com ênfase no último período: a população que vive próxima dos empreendimentos não está segura e nem ao menos conta com informações sobre as reais condições das estruturas. 

A falta de fiscalização das barragens no país é um problema grave, que coloca vidas em risco, e é materializada em ocasiões de rompimento como a que ocorreu nesta quinta-feira (11) no distrito de Quati e em tantas outras, como Mariana e Brumadinho (MG). 

O movimento entende que, devido às condições de não monitoramento, as barragens brasileiras são como "bombas-relógios" - a barragem que estourou na Bahia não estava listada oferecendo risco, assim como as barragens de Minas Gerais que mataram tantas pessoas e destruíram dois rios, o Doce e o Paraopeba. 

O Movimento dos Atingidos por Barragens reivindica a construção de Planos de Segurança locais que possam dar conta de evitar tragédias em casos de rompimentos. Inclusive, no estado da Bahia, já foi solicitado pelo MAB uma Política Estadual de garantia de direitos das populações atingidas, até o momento sem avanços significativos. Entendemos também a importância da efetivação da Política Nacional de Direitos dos Atingidos (PNAB), aprovada recentemente na Câmara e que segue para debate no Senado. 

Historicamente, o MAB luta em defesa da vida e do meio ambiente. É um absurdo que rompimentos de barragens tenham se tornado tão frequentes e tratados pelas autoridades de forma banalizada". 

Atualizada às 16h19 de 11/07/2019

Edição: João Paulo Soares