Sergio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, foi sabatinado sobre os vazamentos do The Intercept Brasil, que o apontam como chefe da operação Lava Jato, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, na última terça-feira (2).
Durante a sessão, o deputado federal Boca Aberta (PROS-PR) resolveu oferecer o “Troféu Champions League” ao ex-juiz por ser “a maior estrela do combate a corrupção.”
A “premiação” inusitada jogou luzes sobre Boca Aberta, até então um parlamentar desconhecido.
Eleito em 2018, o deputado construiu sua trajetória política em Londrina, no Paraná. Foi no município paranaense, quando era vereador, que ele foi cassado por quebra de decoro, em 2017, e perdeu seus direitos políticos até 2020.
Foi uma liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), em setembro de 2018, que garantiu a Boca Aberta o direito de disputar as eleições para deputado federal naquele ano. O político do PROS foi eleito com 90.158 votos para a Câmara dos Deputados, onde ocupa uma cadeira desde janeiro de 2019.
O Ministério Público entrou de uma ação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Paraná, pedindo que os direitos políticos do parlamentar fossem retirados. Em dezembro de 2018, Luiz Oyama, presidente do TRE-PR, encaminhou o processo de Boca Aberta para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde aguarda a decisão do relator, o ministro Jorge Mussi.
O TSE indeferiu outros pedidos de cassação de Boca Aberta, movidos pelo deputado federal Evandro Roman (PSD-PR) e pelos ex-deputados Osmar Serraglio (MDB) e Valdir Rossoni (PSDB). Nas três oportunidades, Mussi reiterou que o mérito da ação não foi julgado.
Para Boca Aberta, os processos são motivados por perseguição política. “Depois que eu ganhei a eleição, é o ‘chororô’ dos perdedores. É o ‘mimimi’. Eu estou muito tranquilo com meu mandato”, afirmou o parlamentar.
Cassação por quebra de decoro
Boca Aberta foi cassado em 2017, após 14 dos 19 vereadores de Londrina entenderem que ele quebrou o decoro parlamentar ao organizar uma campanha nas redes sociais para pagar uma multa que recebeu da Justiça Eleitoral do Paraná. O político havia sido condenado por ter feito campanha em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), no processo eleitoral de 2016.
Após o conturbado processo, três vereadores de Londrina entraram na Justiça alegando que eram perseguidos e ameaçados por Boca Aberta. Foi quando a 5ª Vara Criminal de Londrina determinou que o deputado usasse uma tornozeleira eletrônica que comprovasse o respeito de uma distância de 500 metros entre Boca Aberta e os ex-colegas.
O deputado federal tem histórico conturbado. Já foi processado por injúria em propaganda eleitoral, por calúnia e também por perturbação da ordem pública, após ter se descontrolado durante uma visita em uma UPA.
Edição: Rodrigo Chagas