O Brasil acaba de pagar outro gigantesco mico – melhor seria dizer um King Kong. Tudo por conta de seu presidente que, semana sim, outra também, diverte ou aterroriza o planeta. Após o Museu de História Natural, de Nova York, recusar-se a receber Jair Bolsonaro em seus salões, o requintado restaurante Cipriani também rejeitou sediar o jantar em que o presidente brasileiro será homenageado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Não há notícia de vexame similar na história recente do país.
Antes, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, chamou Bolsonaro de “perigoso”, além de racista e homofóbico, acrescentando que suas decisões quanto ao meio ambiente terão “um impacto devastador no futuro do nosso planeta”.
Em contrapartida, a inclusão de Bolsonaro na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo, segundo escolha da revista norte-americana Time, causou sensação entre parte dos seus adeptos e uma certa alegria entre seus apoiadores – ou apoiadores de suas reformas, mais precisamente – na mídia. Não há, porém, nenhum motivo para exaltação.
A Time costuma ressaltar que a presença nos 100 Mais não é uma louvação ao indicado. Não sendo enaltecimento do escolhido, seria antes um reconhecimento de sua importância – para o bem ou para o mal – na listagem.
Bolsonaro aparece como um personagem “complexo”. A publicação acende uma vela para cada santo. Descreve-o como “a melhor chance” do país fazer reformas econômicas e, também, como “um garoto-propaganda da masculinidade tóxica, um homofóbico ultraconservador”. Acrescenta que ele “pretende travar uma guerra cultural e, talvez, reverter o progresso do Brasil no combate às mudanças climáticas”.
Não é demais lembrar que destaque maior na Time recebeu Adolf Hitler, eleito Homem do Ano em 1938, quando já esboçava sua obra de destruição. Ou o generalíssimo Chiang Kai Shek e sua esposa Soong May-ling, capa da revista no ano anterior. O general e sua mulher, mais conhecida como “Madame Chiang Kai Shek”, pilotaram a China durante duas décadas quando o país era descrito como o mais corrupto do mundo. Mas eram aliados fiéis dos Estados Unidos... Em 2019, na galeria dos 100 Mais, também aparece o neofascista italiano Matteo Salvini, cuja apresentação foi redigida por Steve Bannon, guru da pós-verdade também adotado por Bolsonaro.
Edição: Marcelo Ferreira