O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acaba de chegar no cemitério Jardim das Colinas, em São Bernardo do Campo (SP) para participar do velório e enterro de seu neto, Arthur Araújo Lula da Silva, de 7 anos, que faleceu nesta sexta-feira (1º) em decorrência de uma meningite meningocócica. A cremação do corpo está prevista para o meio-dia.
Lula deixou a Superintendência da Polícia Federal de Curitiba (PR) por volta das 7h deste sábado (2).
A saída temporária de Lula se dá após um parecer favorável do Ministério Público Federal (MPF) na tarde desta sexta-feira (2), que permitiu que o ex-presidente viaje para São Paulo em uma aeronave concedida pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD). O pedido foi feito pela Polícia Federal. A defesa do petista se comprometeu a não fornecer informações sobre o trajeto.
A autorização foi concedida pela Justiça Federal com base no artigo 120 da Lei de Execução Penal. Arthur visitou Lula duas vezes desde que a prisão, no dia 7 de abril de 2018. Os pais dele são Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente.
No local do velório, Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, lamentou o fato do ex-presidente ter que passar por tudo isso sob essas condições. Okamoto considera "uma falha brutal da nossa justiça" o fato de Lula "ter que sair da cadeia para poder participar do enterro de seu neto. Todo esse ano ele foi impedido de curtir sua família", disse.
Okamoto se mostrou desiludido com o Poder Judiciário brasileiro, ao afirmar que resta apenas "acreditar na justiça divina, porque a justiça dos homens está muito falha. É lamentável que um país como o nosso tenha falhado tanto em promover a justiça. Nosso povo está muito prejudicado", comentou.
Já o ex-ministro da Casa Civil do governo de Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho, mostrou sua indignação em relação aos comentários de ódio divulgado por alguns adversários políticos, como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL). Carvalho disse ser um absurdo "que nessa hora de tanta dor continuam expressando seu ódio, que parece não ter fim. Queria pedir que Deus perdoe essas pessoas e que ao mesmo tempo plante no coração delas pelo menos uma dúvida: se é justo o que eles estão fazendo. Porque no dia, que Deus me livre, eles perderem alguém nessas condições, eles vão saber a crueldade que estão fazendo nesse momento".
Na mesma linha, Guilhermes Boulos, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ressaltou a importância de separar a luta política das relações pessoais. "Quando se comemora a morte de alguém, de uma criança de 7 anos, não estamos mais falando de política, mas de caráter, de humanidade. O que aconteceu ontem nas redes sociais serve como uma reflexão para a sociedade: até que ponto nós chegamos? Abriram a porteira da insanidade".
Lula está preso desde o dia 7 de abril de 2018. Em janeiro, após a morte do irmão do ex-presidente, Genival Inácio da Silva, o Vavá, o pedido para saída da PF chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), em decorrência das negativas em instâncias inferiores da Justiça. Quando o ministro Dias Toffoli expediu a autorização, o velório de seu irmão já havia ocorrido e Lula decidiu não deixar a PF, considerando-se impedido pelo Poder Judiciário de participar desse momento, conforme prevê a legislação brasileira.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque