Após quatro dias de atividades, terminou nesta quarta-feira (27) a Assembleia Internacional dos Povos (AIP), realizada em Caracas, na Venezuela. O encontro internacional de solidariedade com a Venezuela reuniu na capital do país cerca de 500 participantes de 87 países, representando 181 movimentos e organizações populares de todo o mundo.
Na declaração final, a AIP reafirmou a “defesa da soberania e da autodeterminação da Venezuela” e o reconhecimento de Nicolás Maduro como “presidente legítimo e constitucional do país”.
O documento afirma ainda que, apesar de a crise econômica provocada, em parte, pelo bloqueio internacional ao comércio do país e ao sequestro de divisas venezuelanas no exterior, a Venezuela conseguiu promover uma “transformação profunda, baseada em uma democracia participativa e protagônica, com base nos interesses populares”.
“Hoje, na Venezuela, está em disputa a soberania e a autodeterminação, que são pilares da dignidade dos povos, que buscam construir um futuro para a humanidade e sociedades mais justas e igualitárias”, afirma o texto.
A declaração final também aponta quatro eixos centrais da ação solidária dos movimentos populares com a Venezuela: o fim do bloqueio econômico ao país; a defesa da soberania do povo venezuelano a gestar seu processo político; o compromisso com a paz e contra a guerra; e a defesa da Revolução Bolivariana “como um projeto que agrega sentidos éticos e de futuro para a humanidade”.
Brigada Internacionalista “Che Guevara”
Cerca de 200 jovens de 40 países também estiveram na Venezuela para “vivenciar práticas da revolução bolivariana e realizar trabalho voluntário junto às comunidades”. O grupo chegou ao país no dia 16 de fevereiro, uma semana antes do início da Assembleia.
No ato de encerramento do evento, a Brigada Internacionalista “Che Guevara” fez uma declaração política de “compromisso com a Revolução Bolivariana” e de “confiança no presidente legítimo do povo”, Nicolás Maduro.
“Vemos como o imperialismo se reinventa para seguir saqueando e oprimindo os povos do mundo, sendo atualmente a Venezuela o epicentro deste ataque, gerando uma guerra com diferentes dimensões: econômica, psicológica, comunicacional e militar”, diz o texto.
O documento levanta sete pontos de unidade entre as organizações juvenis presentes: “a defesa dos territórios e dos bens naturais, a defesa da soberania e autodeterminação dos povos, contra o extermínio da juventude e a militarização dos territórios, por um feminismo popular, por um projeto construído pelos povos e em defesa dos direitos sociais, por trabalho digno e pela construção de alternativas econômicas e, finalmente, pela democratização dos meios de comunicação e valorização das culturas locais”.
O encerramento da Assembleia Internacional dos Povos coincide com o dia em que se relembra os 30 anos do chamado “Caracazo”, uma reação popular a medidas neoliberais do então presidente venezuelano Carlos Andrés Pérez e que resultou em centenas de mortos pela repressão policial. A rebelião ficou conhecida como o começo do processo de articulação cívico-militar que deu origem à revolução bolivariana.
Edição: Vivian Fernandes