Todo mundo percebe que o preço da gasolina recuou. Há quem atribua a mudança à posse de Jair Bolsonaro. Mas o novo governo nada tem a ver com isso. Para contar o que aconteceu precisamos retroceder um pouco no tempo.
Desde que Aldemir Bendine assumiu a presidência da Petrobrás em 2015, a direção começou a implantar uma nova política para os derivados de petróleo (diesel, gasolina e gás de cozinha), visando alcançar os preços internacionais. Em junho de 2016, quando Pedro Parente passou a comandar a empresa, a equiparação foi adotada de forma imediata. Com isso, estabelece-se uma verdadeira gangorra nos preços do mercado interno. Todas as variações do mercado externo, provocadas pelo preço do petróleo e da taxa cambial, passaram a interferir, diretamente, na formação do preço interno, provocando fortes aumentos na gasolina e no GLP (gás de cozinha).
De lá pra cá, essas oscilações provocaram a elevação do preço médio da gasolina, de R$ 3,646 a até R$ 4,717, em outubro de 2018, e do GLP, ambos próximos de 30%. Mas, a adoção dessas medidas trouxe impactos fortes à economia. Como resposta, em maio de 2018, eclodiu a greve de caminhoneiros que quase parou o País e, ao seu final, provocou a demissão de Parente.
O movimentou forçou o já combalido governo Temer a abrir mão das oscilações quase diárias, amenizando a curva ascendente dos preços.
No final de 2018, a estabilidade cambial e a redução dos preços internacionais do petróleo - caindo de US$ 70 até US$ 82 o barril para US$ 53 até US$ 60 o barril - deveriam ter promovido um grande recuo nos preços. Porém, a redução somente foi repassada ao consumidor no final de dezembro de 2018, início de janeiro de 2019.
Vale notar que tal redução não representa, nem de perto, a redução possível. Podemos dizer isto porque a maior parte do petróleo que processamos, a mão de obra e grande parte dos custos são de origem nacional e pagos em real. Logo, não há necessidade de se manter o vínculo direto às variações cambiais e do preço do petróleo no mercado externo. Ao atual governo, cabe mostrar se continuará com a gangorra, atacando o povo, ou buscará a estabilidade de preços.
Fernando Maia da Costa, Presidente do SINDIPETRO-RS
Este conteúdo foi originalmente publicado na versão impressa (Edição 9) do Brasil de Fato RS. Confira a edição completa.
Edição: Marcelo Ferreira