O rompimento da barragem do Córrego do Feijão, no município de Brumadinho (MG), no início da tarde desta sexta-feira (25), já repercute no mundo político. Em entrevista ao Brasil de Fato, o deputado federal Edmilson Rodrigues (Psol-PA) antecipou que pretende propor a criação de uma comissão externa na Câmara dos Deputados para acompanhar o caso.
Ele coordenou o colegiado que fiscalizou, em 2018, as investigações sobre os vazamentos da mineradora Hydro Alunorte em Barcarena (PA). Diante do ocorrido nesta sexta, o deputado considera que seria necessária uma comissão focada não só na nova tragédia, mas atenta às similaridades que há entre os diferentes casos já registrados.
Ele disse ainda que o colegiado poderá avaliar a situação de outros locais que possam estar sob risco iminente de rompimento de barragem no país.
“A máquina pública se move totalmente subalternizada pelos interesses das empresas. Caberá à comissão analisar também, em termos mais gerais, por que os algozes sociais e ambientais são os mesmos, e a Vale tem um protagonismo bastante reconhecido nesse processo”, acrescentou.
Outros parlamentares também comentaram o ocorrido, especialmente, deputados da bancada de Minas Gerais, como é o caso da petista Margarida Salomão.
“Ainda não tivemos uma solução satisfatória no caso da Samarco e agora vem esse rompimento. É uma tragédia com responsabilidade humana e poderia ter sido evitada. E isso ocorre num momento em que temos um discurso do governo federal de que não seria necessário tratar da questão ambiental. Vamos cobrar dos governos estadual e federal uma atuação incisiva”, afirmou a parlamentar.
O deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) também conversou com o Brasil de Fato a respeito. “É uma irresponsabilidade criminosa, porque estamos tratando do mesmo grupo, em menos de três anos, novamente e na mesma região. É inaceitável que uma irresponsabilidade com a vida das pessoas e com o meio ambiente possa continuar dessa forma”, disse.
Lopes é autor do Projeto de Lei 3650/2015, que proíbe barragens molhadas e incentiva a adoção de barragens secas. A proposta já tem parecer favorável do relator, Júlio Delgado (PSB-MG), mas está parada na Comissão de Meio Ambiente da Câmara.
Procurado pelo Brasil de Fato nesta sexta, Delgado disse esperar que o rompimento da barragem em Brumadinho ajude a alavancar a tramitação da medida, de forma que seja possível evitar outros desastres.
Além disso, o pessebista afirmou que espera que “organismos internacionais e outras forças possam pressionar o novo governo pra sensibilizá-lo de que é preciso tomar uma medida mais séria do que se tomou até hoje”.
Edição: Tayguara Ribeiro