Um dia após o deputado e presidente da Assembleia Nacional em desacato Juan Guaidó, se autoproclamar presidente da Venezuela e ser reconhecido por países como os Estados Unidos e o Brasil, as Forças Armadas e o Poder Judiciário manifestaram que reconhecem o governo de Nicolás Maduro como legítimo.
O Comandante da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) e ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López, afirmou que "Nicolás Maduro Moros é o único presidente legítimo da República Bolivariana da Venezuela". O general considerou "grave" a auto-proclamação presidencial de Juan Guaidó. "Nós, que vivemos o golpe de 2002, pensamos que nunca mais íamos ver isso, uma pessoa levantando a mão e se auto-proclamando presidente", disse o ministro da Defesa.
"Ratificamos nosso apego à constituição. Repudiamos a instalação de um governo paralelo. Repudiamos atos de ingerência realizados por governos estrangeiros. Isso é ofensivo para os venezuelanos. Vamos garantir a paz e não vamos tolerar violência. A posição da Força Armada sempre foi totalmente apegada à Constituição", declarou Padrino López. "Somos chamados a evitar um confronto entre venezuelanos. Não é a guerra civil ou o confronto entre irmãos que resolverá os problemas da Venezuela; é o diálogo ", disse ele.
Assim como o comandante-chefe das Forças Armadas, os oficiais das oito Regiões Estratégicas de Defesa Integral da República, do exército venezuelano, emitiram comunicado em apoio ao presidente Nicolás Maduro.
O comandante da Região Estratégica de Defesa Integral da República do Distrito Capital, Alexis Rodríguez Cabello manifestou o apoio unânime das Forças Armadas. "Reiteramos nossa lealdade absoluta ao presidente Nicolás Maduro, eleito pelo povo", afirmou em cadeia nacional. Cabello disse ainda que os militares vão defender a ordem no país. "Somos amantes da paz. Diante disso, daremos até nossa vida, se for necessário, para defender a paz. Nenhum império vai mudar nosso sentido bolivariano e anti-imperialista", destacou. Os outros sete comandantes fizeram declarações similares.
Tribunal Superior de Justiça
O presidente da Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), Maikel Moreno, afirmou que o Poder Judiciário reconhece Nicolás Maduro Moros como o único presidente legítimo da Venezuela.
"[Manifestamos] Nosso reconhecimento a Nicolás Maduro como presidente constitucional da Venezuela", disse o presidente da Suprema Corte, Maikel Moreno, durante evento de abertura do ano judicial, com o fim do recesso. "Qualquer aventura inconstitucional deve ter como resposta o fervoroso peso da lei", disse o magistrado, na presença do presidente Nicolás Maduro, que participava do evento do Poder Judicial.
Moreno também ressaltou o reconhecimento internacional dos poderes do Tribunal Superior de Justiça da Venezuela e que portanto, a comunidade internacional agora deve respeitar as decisões judiciais da Suprema Corte. "Somos signatários de diversos acordos internacionais, onde tivemos reconhecidas as atribuições e também fizemos nossa contribuição ao sistema de justiça internacional", destacou.
Governadores venezuelanos
Nesta quarta-feira, o governador do estado venezuelano de Miranda, Héctor Rodriguez, leu um comunicado conjunto assinado por 19 dos 23 governadores. As eleições que elegeram os chefes de governo foram realizadas em outubro de 2017, foram reconhecidas pela oposição e tiveram ampla participação de candidatos dos partidos da direita venezuelana. Quatro dos governadores eleitos são opositores, do partido Ação Democrática.
"O único que pode dizer quem é o presidente é o povo da Venezuela. Nenhuma autoridade estrangeira, por mais poderosa que possa ser, tem a atribuição de interferir e, muito menos, para decidir quem é o governante da Venezuela ", diz o comunicado dos governadores.
Edição: Mauro Ramos