O governador João Doria (PSDB) está em Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial. O representante do Estado de São Paulo participa de um painel sobre o avanço das autocracias no mundo, uma das principais preocupações do evento, assim como as ameaças à liberdade de imprensa. Por outro lado, um dos últimos atos do tucano antes de sua viagem foi assinar um decreto que restringe e criminaliza protestos populares com mais de 300 pessoas. Um dos alvos do decreto é o Movimento Passe Livre (MPL) que atua contra a tarifação do transporte público.
“O governo cria uma imagem com verniz democrático mas, na prática, está muito mais interessado em acabar com qualquer luta por direitos”, disse Gabriela Dantas, do Movimento Passe Livre, durante coletiva de imprensa, nesta terça-feira (22) na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Nesta terça-feira (22), a partir das 17h, acontece o terceiro ato deste ano contra o aumento da tarifa de ônibus e contra a licitação dos serviços de transporte público para os próximos 20 anos com o corte de, no mínimo, 211 linhas na cidade. A entrega das propostas das empresas será nesta quarta-feira, 23.
O decreto do governador proíbe o uso de máscaras e bandeiras, e determina que os organizadores façam uma solicitação prévia de cinco dias, informando local, horário e percurso do ato.
Segundo Sofia Sales, do MPL, o decreto é inconstitucional e impede o direito de livre manifestação. As máscaras servem para proteção da identidade das pessoas e também por questão de saúde, por conta das bombas de gás de pimenta usadas pela Polícia Militar.
Por conta das regras que potencializam a repressão contra os manifestantes, o MPL criou o troféu Catraca Armada para "homenagear" o governador João Doria.
“É muita hipocrisia mesmo querer propagandear o governo dele no exterior, claramente com interesse de chamar as empresas para participar das privatizações, enquanto cria este tipo de decreto”, disse Gabriela.
Desde o reajuste das tarifas de metrô e de ônibus, de R$ 4 para R$ 4,30, que representa quase o dobro da inflação acumulada, nem o governador Doria ou o prefeito Bruno Covas (PSDB) falaram sobre as críticas levantadas pelo MPL.
No segundo ato, que aconteceu na avenida Paulista, ainda antes da publicação do decreto, a Polícia Militar lançou bombas nos manifestantes durante o jogral -- momento de fala das lideranças quando todos estão sentados no chão.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira