PT, PSB e Psol acordaram, na tarde desta terça-feira (22), a criação de um bloco de oposição ao governo de Jair Bolsonaro (PSL) na Câmara dos Deputados. A combinação, que já estava em discussão nos últimos dias, foi definitivamente acordada durante um encontro que reuniu, em Brasília, diferentes lideranças das siglas.
“Foi um bom debate político sobre a importância que nós temos, nesta conjuntura, de ter a oposição unida, organizada e firme”, disse a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR).
De acordo com os três partidos, o próximo passo do bloco é tentar atrair para o grupo, o PCdoB, a Rede e o PDT. Juntos, Psol, PSB e PT somam 98 deputados. Caso consigam ampliar a articulação, garantindo a presença dos membros dos seis partidos visados, o grupo deverá ter mais de 130 deputados. O número corresponde a 25% do total da Casa, que tem 513 parlamentares.
“Essa reunião de hoje consolida uma visão: o enorme desgaste que está tendo o governo Bolsonaro. Nós entendemos que isso pode avançar neste momento e que o governo está bastante enfraquecido com denúncias. A proposta de conjugar todos os partidos de oposição e de esquerda é uma sinalização simbólica pra sociedade de que há uma grande resistência a este governo”, afirmou o deputado Ivan Valente (Psol-SP).
Para dar seguimento à pauta do bloco, os partidos informaram que irão se reunir com lideranças da Rede, do PCdoB e do PDT ainda esta semana.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, destacou que os partidos de centro-esquerda e esquerda teriam agendas comuns e contrárias ao governo Bolsonaro.
“As pautas que unificam são exatamente [aquelas que tentam] evitar o retrocesso do ponto de vista das políticas sociais e evitar políticas ultraliberais que são desfavoráveis ao país e sua população”.
Ao destacar a importância da ampliação do bloco, Siqueira disse que não descarta a possibilidade de que o convite para compor o grupo seja estendido a partidos que estão além do espectro da esquerda e da centro-esquerda.
“Nós do PSB, pelo menos, achamos que todas as forças que estiverem contrárias às políticas do novo regime que se instala – e que vemos como um governo de caráter autoritário – podem se unir contra ele aqui no parlamento e sobretudo na sociedade”, complementou.
O acordo entre os partidos que se reuniram nesta terça sinaliza também uma mudança no que se refere à participação do PT num possível bloco que reúna diferentes siglas de oposição. No final do ano passado, um grupo liderado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) tentava articular a criação de um bloco entre PCdoB, PDT e PSB sem a participação do PT, que havia ficado isolado.
Agora, com a costura entre petistas, psolistas e membros do PSB, a bancada do PT avança na tentativa de dialogar com os demais grupos de oposição.
Eleição
Paralelamente às articulações acerca da formação do bloco de oposição, os três partidos ainda conversam sobre a possível definição de um nome único para disputar a presidência da Câmara.
No início do ano, o Psol lançou Marcelo Freixo (RJ), deputado federal eleito pela sigla, como nome para concorrer ao cargo. O partido, no entanto, tem dito que poderia desconsiderar a ideia de uma candidatura própria, caso a oposição consiga formar um grande bloco e fechar um nome comum para enfrentar o atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que conta com o apoio da bancada do PSL, partido de Bolsonaro.
“O mais importante, efetivamente, é a garantia dessa unidade do campo de esquerda. O nosso nome está apresentado pra buscar essa unidade desde o início”, afirmou Freixo após a reunião desta terça.
A escolha do novo presidente da Câmara está marcada para 1º de fevereiro, data em que os parlamentares tomam posse para a nova legislatura. No mesmo dia, os deputados devem eleger os novos membros da Mesa Diretora da Casa.
Edição: Mauro Ramos