O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu realizou, nesta segunda-feira (12), o lançamento do livro “Memórias – Volume 1”, no Tucarena, espaço da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo. Cerca de 400 pessoas de diferentes gerações foram ao local ouvir o ex-ministro sobre suas memórias e projeções para o futuro após a eleição de um presidente de extrema direita.
“Tenho certeza que nós vamos deter essa ofensiva contra o país”, afirmou Dirceu. “Escrevi para fazer o que precisamos fazer agora: relembrar a história para aprender com ela, e assim enfrentar o momento que estamos vivendo”, concluiu.
Dirceu criticou políticas que o futuro governo de Jair Bolsonaro (PSL) pretende aplicar, como a reforma da previdência e a criminalização de movimentos sociais, mas ressaltou a capacidade de mobilização dos brasileiros. “Ao contrário de 1964, o Brasil hoje é outro. As forças democráticas saíram do golpe de 2016 e da derrota eleitoral de 2018 com grande força e consciência democrática”.
Ele falou da necessidade de defender a soberania nacional e a democracia, mas apontou a necessidade da esquerda retomar os trabalhos de base. Dirceu lembrou também a prisão política de Lula e defendeu que seja retomada a campanha pela anulação da condenação do ex-presidente.
“Não adianta pensar que vai se resolver a curto prazo, é uma luta de médio ou longo prazo. O que nos faltou foi a força popular, além da força eleitoral”, disse. Dirceu reforçou que o governo Bolsonaro tem base social. “O nosso papel é construir uma alternativa a esse força política social que nos derrotou e que está enraizada na base popular”.
A obra
José Dirceu contou a platéia que escreveu o livro na prisão a pedido de sua companheira Simone. “Eu não queria escrever a minha história, mas a nossa história, a história de uma época, de uma geração, de ideais”, afirmou.
Atualmente ele responde em liberdade pelos crimes de corrupção passiva, em pena que soma 30 anos e 9 meses, mas salienta que sua prisão foi injusta.
A obra traz relatos das vivências de Dirceu até 2006, com episódios de sua militância estudantil nos anos 1960, o exílio em Cuba, os anos de vida clandestina e a criação do Partido dos Trabalhadores (PT). O ex-ministro promete escrever um segundo volume.
Edição: Diego Sartorato