Um grupo de latifundiários produtores de soja tentou barrar um encontro entre ativistas os membros da comissão dos Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos), nesta quinta-feira (dia 8), em Santarém, no Pará. Um deles agrediu uma ativista da organização indígena regional Conselho Indígena Tapajós e Arapiuns (CITA).
A comitiva, que está no Brasil a convite do governo federal, foi seguida até o território indígena do Açaizal, localizado no Planalto santareno, por duas caminhonetes que transportavam produtores de soja conhecidos na região. Na chegada ao território indígena, os ocupantes das caminhonetes insistiram em participar da reunião, agendada apenas com as lideranças indígenas.
De acordo com os participantes do encontro, os fazendeiros foram grosseiros e fizeram várias afirmações racistas. Por conta da truculência e do tom de ameaças dos latifundiários, uma das ativistas começou a filmar a cena. Um dos fazendeiros flagrados no vídeo se chama Rodrigo. Um outro fazendeiro, de camisa branca, dá um tapa na mão da ativista e derruba o celular dela.
O Comitê Brasileiro de Defensoras e Defensores de Direitos Humanos (CBDDH) divulgou uma nota denunciando a ação violenta dos fazendeiros.
Segundo a nota, os fazendeiros tentaram identificar as placas dos carros, veículos e vans que levaram os participantes da reunião até o território indígena, em uma atitude clara de intimidação.
O Brasil de Fato entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Pará para saber que medidas seriam tomadas em relação ao caso, e recebeu uma nota oficial em resposta:
A Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) informa que até o presente momento não houve qualquer comunicação oficial em boletim de ocorrência pelos representantes da Comissão Interamericana de Direitos Humanos a respeito de ocorrências de violência ou conflito durante a visita realizada à tribo indígena, em Santarém. Após a visitação, foi realizada uma reunião no Ministério Público, que contou com a participação do superintendente da polícia civil de Santarém e do titular da delegacia de conflitos agrários, onde também não houve qualquer informação nesse sentido por parte dos representantes. A Segup recomenda à comissão que procure as autoridades policiais no Estado do Pará para formalizar queixa, a fim de que as providências de apuração e investigação possam ser tomadas.
Edição: Diego Sartorato