Dois assassinatos marcaram o fim de semana da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. O "gesto da arma" tornou-se um dos símbolos da campanha da extrema direita, e os apoiadores deram uma amostra das possíveis consequências da revogação do Estatuto do Desarmamento -- uma das propostas do candidato eleito.
Relembre os casos de maior repercussão:
Sábado
Ceará - Um jovem de 23 anos, filho de uma líder sindical, foi assassinado a tiros em Pacajus, na região metropolitana de Fortaleza. Charlione Lessa Albuquerque participava de uma carreata pró-Haddad e contra o fascismo. Um homem não identificado desceu de um gol branco e disparou contra a carreata. O jovem morreu na hora.
Em Fortaleza, a carreata dos apoiadores de Bolsonaro tinha como palavra de ordem a morte dos comunistas. Eles também exibiam armas que, segundo o jornal O Povo, seriam de brinquedo, em referência à promessa do candidato de alterar o Estatuto do Desarmamento.
Domingo
São Paulo - Por volta das 19h, havia uma grande concentração de eleitores que aguardavam o resultado da apuração em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP), na avenida Paulista. Confirmada a vitória do candidato do PSL, segundo a Polícia Militar (PM), começou uma confusão com empurra-empurra e xingamentos entre eleitores de Bolsonaro e pessoas que estavam no vão livre do museu.
A PM separou os grupos, de modo a garantir proteção aos apoiadores de Bolsonaro, enquanto lançava tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogênio no restante da população que esteve na avenida Paulista.
Paraná - Uma criança de oito anos morreu em Ponta Grossa (PR), após ser atingida na cabeça por um disparo de arma de fogo. Segundo o tenente Ribeiro, que atendeu a ocorrência, o tiro teria sido acidental. Testemunhas comentaram que o homem estava comemorando a vitória de Jair Bolsonaro com tiros para cima. Um deles atingiu o menino.
Santa Catarina - Logo após a vitória de Jair Bolsonaro, a deputada estadual eleita Ana Caroline Campagnolo (PSL) abriu um canal informal de denúncias na internet, para fiscalizar professores em sala de aula a partir desta segunda-feira (29).
Bahia - Na noite de domingo, um policial militar atingiu violentamente o rosto de uma estudante no Largo de Santana, no Rio Vermelho, durante uma ação para conter a confusão entre os eleitores. Janaína Barata, 19 anos, que foi atingida no rosto, aparece com nariz ensanguentado. Em vídeo, que viralizou nas redes sociais, a jovem no chão aparece sendo agredida pelo policial.
Pernambuco - Em Recife, alguns eleitores de Bolsonaro também comemoraram a vitória atirando com armas de fogo para o alto no bairro da Várzea e também em Coqueiral.
Pernambuco - Um grupo de eleitores de Haddad (PT) foi hostilizado, dentro de um bar no bairro de Santana, por apoiadores de Bolsonaro. Por conta das ameaças, o grupo teve que pagar a conta e deixar o bar.
Pernambuco - No bairro da Encruzilhada, um integrante da torcida organizada do Santa Cruz sofreu um atentado em casa. Um grupo disparou fogos de artifício em direção à casa do militante do Democracia Santacruzense, organização política formada por torcedores do Santa Cruz que utilizam do futebol para discutir política. Aos gritos, ameaçavam: “Vamos matar os vermelhos”.
Paraná - Na frente do Centro Cultural Marielle Vive!, na Vigília Lula Livre, em Curitiba, os apoiadores do ex-presidente Lula tiveram que pedir reforço na segurança. Grupos de eleitores do Bolsonaro foram até o local para hostilizar os manifestantes que estão acampados próximo da sede da Polícia Federal, desde abril. Os eleitores xingaram e mandaram os acampados saírem de lá.
Paraná - A casa noturna Verdant, localizada na região de Curitiba, frequentada por um público LGBT, teve que reforçar a segurança. Muitos eleitores de Bolsonaro passaram em frente à casa fazendo buzinaço e xingando as pessoas. A casa teve que montar uma operação com os seguranças para proteger os frequentadores que aguardavam na calçada a chegada de veículos solicitado por aplicativo.
Segunda-feira
Pernambuco - Escola e posto de saúde localizados na aldeia Bem Querer de Baixo foram incendiados na madrugada. A comunidade é uma das principais áreas de conflitos entre indígenas e posseiros.
Edição: Cecília Figueiredo