Bolsonaro não é somente as atrocidades que ele se orgulha de repetir. Ele é também os absurdos que seus homens de confiança negociam. Durante toda a campanha, escutamos pelas ruas que o próximo presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não iria fazer tudo aquilo que ele dizia. Que eram exageros de campanha e que ele não queria soar de maneira ofensiva. Pois bem, enquanto isso, nos bastidores, seus principais articuladores, Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni, estavam negociando com os ricos e empresários toda aquela insensatez que o candidato afirmava no seu perfil no Facebook.
Isso significa que quando ele afirmava que iria expulsar Paulo Freire das escolas, seus assessores já estavam negociando com a bancada evangélica a aprovação da Lei da Mordaça, para revogar a liberdade de professores e estudantes. E se, durante a campanha, ele apresentou um plano de governo vago e pouco explicativo, agora eleito ele já mostra a que veio. Junto com Onyx anuncia a fusão do Ministério do Meio Ambiente com o da Agricultura. Para o país que vê passar impunemente os autores do crime da Samarco/Vale/BHP em Mariana, que afundou o Vale do Rio Doce em lama, essa medida pode ferir de morte as próximas gerações.
Benefícios a grandes empresários
E não para aí. Enquanto deputado federal por quase 30 anos não propôs praticamente nada, e apoiou os ataques aos trabalhadores. Foi contra a regulamentação da profissão das empregadas domésticas e votou a favor da antirreforma trabalhista. Além de ter votado contra as investigações a Michel Temer.
Agora, ele e Paulo Guedes propõem um “super-Ministério” da economia, que vai juntar o da Fazenda, do Planejamento e o da Indústria e Comércio Exterior, isso tudo para garantir que vai diminuir os impostos e juros para as grandes empresas. Enquanto abre caminhos para os ricos, Bolsonaro afirma que quer enxugar mais direitos e pretende agir ainda este ano para passar o máximo possível da antirreforma da Previdência de Michel Temer.
Eles precisaram desviar a atenção de quem eram seus reais parceiros de negócios para terem chegado onde estão.
Nosso desafio é grande, o mar da história está agitado. Não devemos nos isolar e nem desacreditar, é cercando-se de gente compromissada com a classe trabalhadora que cultivaremos nossa coragem e faremos renascer a democracia.
Edição: Elis Almeida