Marcado por forte polarização política, o primeiro turno das eleições 2018 acontece neste domingo (7) em todo o país. Mais de 147 milhões de eleitores estão aptos a votar nos 5.570 municípios brasileiros.
Desde a abertura das urnas, a reportagem do Brasil de Fato acompanha a votação no bairro do Campo Limpo, zona Sul da cidade de São Paulo, maior colégio eleitoral do estado. Com fluxo intenso, grandes filas formaram-se desde o início do pleito eleitoral na Faculdade Anhanguera - Campo Limpo, antiga Uniban.
De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), a expectativa é que quase 20 mil eleitores passem pelo colégio eleitoral até as 17h, quando termina a votação.
Apesar de poucos eleitores comparecerem à votação com adesivos de outros partidos, em conversas paralelas, muitos manifestaram apoio a Jair Bolsonaro, presidenciável que aparece em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto.
No entanto, Rayama Alves, jornalista, fez questão de ir votar com adesivos da campanha “Ele não”, protagonizada pelas mulheres contra o candidato do PSL.
Ela é enfática ao afirmar que Bolsonaro não representa as mudanças que o país quer e precisa. “Ele é racista e eu sou negra. Ele é homofóbico e muito preconceituoso”, alerta Alves, que votou em Ciro (PTD) para a Presidência.
A empregada doméstica Elaine também participou de atos contra Bolsonaro e está preocupada com uma possível eleição de Bolsonaro. “Teve momentos em que eu chorei por estar lá [nos atos contra Bolsonaro]. Pela energia. Sabe aquela vontade de pegar todo mundo e dar um abração? Teve algumas pessoas que consegui fazer isso. Abraçar e falar obrigada. Muito obrigada. Hoje estou aqui dizendo 'Ele não', com orgulho e com fé".
Elaine votou em Haddad (PT) e relembra que Bolsonaro votou contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Domésticas, e acredita que seu governo irá lhe afetar diretamente.
“Acredito que o Haddad, por ser do Partido dos Trabalhadores, pensa no trabalhador. Tem proposta para o trabalhador. Com o Bolsonaro ganhando, é difícil acreditar que ele vá valorizar a mulher, que vá valorizar a empregada doméstica. Hoje eu não não consigo trabalhar como outra coisa, tenho pavor de perder meu emprego. Hoje tenho leis favoráveis a mim e eu não sei qual o caminho, qual o processo que vai se seguir”, diz a doméstica, moradora da região.
Já Fabiano Silva, montador de móveis, acredita que o PT não é o caminho. “Foi muito difícil pra mim escolher. Nosso país passou dois anos de crise, foi difícil. Mas acho que o Bolsonaro é a última opção pra gente”, declara.
Edvaldo Pereira, ajudante de cozinha, também votou no candidato do PSL e decidiu seu voto após assistir reportagem cedida por Bolsonaro para a TV Record. “Ele falou que vai melhorar muito o desemprego. Agora vamos ver”, afirma o pernambucano. “Espero que agora melhore, pelo menos um pouco. Do jeito que está hoje em dia, está complicado para caramba. Espero que melhore pelo menos a saúde que é o principal, e também o desemprego. Tem muito desemprego em São Paulo e no Brasil todo”.
O jornalista Luan escolheu ir votar com uma camiseta da União Soviética e com o livro “Veias abertas da América Latina”, de Eduardo Galeano. “Com toda essa situação política, com toda essa dicotomia, temos que nos posicionar. Ou mostrar que está do lado da democracia, do direito ao voto, da defesa dos direitos, ou que está do lado do fascismo, da barbárie”, ressalta o jovem, que votou em Haddad e, apesar de acreditar que haverá um segundo turno, está angustiado.
“No Legislativo estou confiante que teremos mais nomes progressistas porque o Congresso de hoje é o mais conservador desde 1964, não pode continuar assim”, critica.
Edição: Cecília Figueiredo