A capital federal amanheceu nesta terça-feira (21) com várias pichações pelos muros da cidade com mensagens direcionadas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em algumas, os manifestantes dizem: “Cármen Lúcia, paute as ADCs”, em referência à permanente negativa da presidente do STF em pautar as Ações Declaratórias de Constitucionalidade, que questionam o entendimento firmado pela corte de autorizar o cumprimento de pena após condenação em segunda instância. A pauta é a principal reivindicação dos sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome há 22 dias no Distrito Federal.
Em outros pontos, as mensagens pedem "respeito" ao ministro Edson Fachin, relator da operação Lava Jato, no STF. Os movimentos populares que pedem a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusam Fachin de "manobrar" para evitar que a liberdade do presidenciável petista seja discutida da Segunda Turma, onde sua posição seria minoritária, levando os pedidos de liberdade sempre ao plenário da corte.
Na última sexta-feira (17), o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), concedeu uma liminar à defesa do ex-presidente, determinando que o Estado brasileiro garanta todas as condições para que Lula participe da campanha eleitoral. A justiça brasileira ainda não se pronunciou sobre a decisão. Lula segue em prisão política em Curitiba desde o dia 7 de abril. Segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente lidera a corrida presidencial de 2018.
Entenda
A greve de fome é articulada por movimentos da Via Campesina, pelo Levante Popular da Juventude e pela Central de Movimentos Populares (CMP). Entre as reivindicações dos militantes está conseguir que o STF coloque em votação as ADCs que questionam a prisão após julgamento de segunda instância. Colocar essas ações na pauta do plenário depende da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia.
A greve está sendo feita pelo Frei Sérgio Görgen e Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA); Luiz Gonzaga, o Gegê, da Central dos Movimentos Populares (CMP); Jaime Amorim, Zonália Santos e Vilmar Pacífico, todos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e Leonardo Soares, militante do Levante Popular da Juventude. Entre eles há os que já perderam 10 kg nestes dias sem se alimentar. A glicemia, que é o açúcar no sangue, tem tido alterações constantes, assim como tem sido frequente quedas da pressão arterial e da temperatura corporal, fatores que tem deixado a equipe de saúde da greve de fome em alerta permanente.
Edição: Beatriz Pasqualino