A inflação acumulada na Argentina, desde janeiro, chegou a 19,6%, após o país registrar 3,1% só no mês passado. Os dados, divulgados pelo Indec (Instituto Nacional de Estatística e Censos), mostram também que, entre julho de 2017 e julho de 2018, a taxa é de 31,2%.
O índice de julho é 0,6 ponto percentual menor que o de julho, quando a taxa de inflação registrada foi de 3,7%.
Para efeito de comparação, a inflação (IPCA) brasileira de todo o ano de 2017 foi 2,95%, 0,15 ponto percentual menor que o índice argentino do mês passado. Até julho, o IPCA acumulado estava em 2,94%, mesmo com os efeitos da greve dos caminhoneiros.
Segundo o relatório do Indec divulgado nesta quarta-feira (15/08), os itens que mais impactaram na inflação de julho na Argentina foram transporte (aumento de 5,2%), recreação e cultura (5,1%), manutenção do lar (4,2%) e alimentos e bebidas não alcoólicas (4%). Nos últimos 12 meses, o que mais pesou no bolso dos argentinos foram os custos com moradia, água, eletricidade e gás, com aumento de 47%, seguido por transporte (40,9%) e comunicação (34%).
Para 2018, o governo de Mauricio Macri havia estabelecido, inicialmente, uma meta entre 8 e 12%; depois, revisou os números para 15%. Em junho deste ano, o Banco Central da Argentina simplesmente desistiu de estabelecer uma meta oficial. Em entrevista a uma rádio no final de julho, o próprio presidente afirmou que o país deve fechar este ano com um índice próximo aos 30%.
Macri também admitiu, na época, falhas na política econômica implementada desde o início de sua gestão, em 2015. “Outra coisa que subestimamos foi que o aumento das tarifas tem um impacto muito grande no índice de inflação. Tivemos que aumentar em 1.000%. Creio que agora estamos muito mais próximos [da meta] e temos muito mais claro quais são os problemas com o gasto público”, disse.
FMI
Em maio, Macri recorreu a um empréstimo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para tentar estabilizar a economia argentina após a crise cambial que o país enfrentou no final do primeiro semestre.
O aumento do dólar levou o governo argentino, na época, a elevar a taxa de juros três vezes em uma semana para tentar conter a valorização. Foram 12,75 pontos percentuais de alta, elevando a taxa de 27,25% a 40% ao ano. No dia 13 de agosto, a taxa subiu novamente, para 45%. A título de comparação, a Selic, que é a taxa básica de juros no Brasil, está em 6,5% ao ano.
Antes do anúncio do acordo, o dólar operava na casa dos $23,50 pesos (após ter fechado em $22,30) e caiu, logo depois do pronunciamento de Macri sobre o FMI, a $22,46. No começo desta semana, com a crise cambiária na Turquia, o peso argentino ultrapassou a marca dos $30 por dólar.
Edição: Opera Mundi