O atentado contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no último sábado (4), gerou repúdio da comunidade internacional e manifestações de solidariedade com o governo venezuelano. Os presidentes da Rússia, Espanha, Bolívia, Nicarágua e El Salvador foram os primeiros a emitirem nota de apoio.
A Rússia, sócia estratégica da Venezuela, divulgou um comunicado através do Ministério de Relações Exteriores. “Condenamos energicamente uma tentativa de atentado contra o presidente da República Bolivariana da Venezuela, perpetrado no dia 4 de agosto, que provocou sete feridos”, afirma o governo o russo.
Mesmo a Espanha, que tem histórico de conflitos ideológicos com a Venezuela nos últimos anos, repudiou a violência contra Maduro. A chancelaria espanhola divulgou uma nota onde condena o atentado. "Reiteramos firmemente nossa condenação ao uso de qualquer tipo de violência com fins políticos e desejamos pronta recuperação aos feridos", disse a nota do governo de Pedro Sanchéz.
Mas foi da Bolívia que chegaram as primeiras manifestações de solidariedade. “Repudiamos energicamente uma nova agressão e o covarde atentado contra o presidente Nicolás Maduro e o povo bolivariano. Depois do fracasso em seu intento de derrocá-lo democrática, econômica, política e militarmente, agora o império e seus servidores atentam contra sua vida", publicou Morales, em suas redes sociais. "Força irmão presidente Maduro e povo bolivariano!”, finalizou o líder boliviano.
A Turquia, que sofreu uma tentativa de golpe de Estado em 2016, também expressou seu apoio ao governo venezuelano. "Foi com grande preocupação que recebemos a notícia do atentado dirigido contra o presidente Nicolás Maduro, sua mulher, seu filho, membros do governo e autoridades militares. Condenamos energicamente este abominável ataque", disse o governo do presidente Recep Tayyip Erdogan.
No Equador, o presidente Lenín Moreno, enviou comunicado através de seu corpo diplomático condenando o ataque e pediu que as divergências sejam resolvidas de forma pacífica. "A superação das divergências políticas dos venezuelanos somente devem operar através de canais pacíficos", dizia a nota.
O governo de Cuba, amigo histórico da Venezuela, condenou a violência contra o país. “Este ato de terrorismo, que desconhece a vontade do povo venezuelano, constitui um novo intento desesperado de conseguir, pela via do magnicídio, o que não conseguiram obter em múltiplas eleições, nem tampouco através do golpe de Estado de 2002 contra o então presidente Hugo Chávez, o golpe petroleiro de 2003 e a guerra não convencional implantada mediante campanhas midiáticas, sabotagens e atos violentos e cruéis”.
Movimentos sociais, organizações políticas e intelectuais manifestam apoio à Venezuela
No Brasil, o Partido dos Trabalhadores (PT), através de sua Secretaria de Relações Internacionais, condenou o atentado contra à vida do presidente Nicolás Maduro. "Rechaçamos as pretensões de violência que buscam alterar as decisões democráticas do povo da Venezuela, pretensões essas que atentam contra a paz na Venezuela e na região latino-americana e caribenha", afirmou o PT.
O partido também lembrou que através de organismos regionais, como a CELAC (Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos), foram firmados acordos internacionais entre os países membros que declararam que a América Latina é uma zona de paz.
O Partido Comunista do Brasil (PCdoB), expressou preocupação diante da conjuntura política regional e da pressão exercida por países vizinhos contra a Venezuela. "O chamado 'Grupo de Lima', do qual faz parte o ilegítimo governo brasileiro, transforma a Venezuela em alvo constante de agressões diplomáticas, das quais se alimenta a crise política interna e o recurso a métodos criminosos de oposição política, em total desprezo pela democracia e pelos direitos humanos", afirma o comunicado do PCdoB, onde expressa ainda "o mais firme repúdio ao atentado dirigido contra a vida do presidente da República Bolivariana da Venezuela".
A organização ALBA Movimentos, que agrupa centenas de movimentos e organizações do continente americano, emitiu um alerta internacional diante da violência contra o governo venezuelano. "Alertamos a todo o continente sobre a gravidade que representa esse fato e denunciamos a evidente ação coordenada pela direita internacional com o governo dos EUA no comando. Atos como esse nos lembram as nefastas ditaduras, intervenções e extermínios praticados na região".
O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, em uma nota de repúdio, destacou que "as forças do capital no império dos Estados Unidos já assassinaram muitos lideres populares na América Latina ao longo do século XX para manter seu poder e seguir nos explorando. Basta lembrar de [o líder nicaranguense Augusto César] Sandino, [o líder panamenho Omar] Torrijos. Até mesmo dentro dos Estados Unidos, como aconteceu com Malcom X e [Martin] Luther King", protestou Stédile.
"Daqui do Brasil, em nome do MST e de todos os movimentos populares reunidos na Frente Brasil Popular, manifestamos nossa indignação em relação ao atentado e nossa solidariedade ao presidente Maduro e ao povo venezuelano", afirmou o líder do MST.
Além disso, intelectuais como o escritor Fernando Morais, o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães e o jurista e professor universitário Luiz Moreira enviaram uma carta ao presidente Maduro. "Receba nossa solidariedade e nosso compromisso com o direito da Venezuela decidir livremente seu destino".
A Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade também manifestou seu repúdio. "Condenamos totalmente o atentado terrorista contra a vida do presidente constitucional da Venezuela. Expressamos nossa solidariedade com as famílias dos feridos e completo apoio ao povo e ao governo de nossa irmã Venezuela", expressaram os intelectuais latinos.
Maduro agradece solidariedade
Diante das diversas expressões de apoio, o presidente da Venezuela agradeceu as notas e ligações solidárias. "Agradeço aos povos e governos do mundo que se pronunciaram contra o atentado que pretendia acabar com minha vida. A Venezuela seguirá transitando pela trilha democrática, independente e socialista", publicou Maduro, em suas redes sociais nesse domingo (5).
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira