O ex-governador da Bahia e ex-ministro Waldir Pires morreu na manhã desta sexta-feira (22), aos 91 anos. Ele havia sido internado na noite de ontem, devido a uma pneumonia. Segundo o Hospital da Bahia, em Salvador, o político teve parada cardiorrespiratória.
A história de Waldir Pires confunde-se com a do Brasil nas últimas décadas. Nos anos 1950, ele foi secretário estadual e se elegeu deputado estadual e federal. Foi vice-líder do governo Juscelino Kubitschek e consultor-geral da República com João Goulart. Saiu para o exílio, vivendo no Uruguai e na França após o golpe de 1964, "intolerável e vergonhoso", como definiu certa vez. Retornou ao Brasil em 1970, mas recuperou os direitos políticos apenas oito anos depois.
Foi ministro da Previdência na gestão de José Sarney. No governo Lula, ocupou a Controladoria-Geral da República e o Ministério da Defesa. O último cargo político foi como vereador em Salvador, de 2013 a 2016. Ele era filiado ao PT, depois de passar pelo PMDB e pelo PDT.
"O Brasil perde um de seus mais valorosos e combativos filhos, um homem comprometido com a democracia e o povo brasileiro. É um dia triste para todos aqueles que lutamos e sonhamos com um Brasil mais justo", afirmou a ex-presidenta Dilma Rousseff. "A Bahia e o Brasil não perdem apenas um político. Waldir Pires era um exemplo de caráter e retidão, na vida pública e na vida privada. Dedicou boa parte de seus 91 anos de vida à defesa da cidadania e à construção de um Brasil melhor. Esse legado serve de herança e inspiração", disse o governador Rui Costa (PT), que decretou luto oficial de cinco dias.
"Estivemos em lados opostos, mas Waldir Pires nos deixa o exemplo de homem público que exerceu com serenidade o seu papel na política. É um personagem de relevância que escreveu seu nome na história de nosso país", escreveu o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O ex-governador foi rival histórico do carlismo na Bahia.
O primeiro volume da biografia de Waldir Pires, escrita pelo jornalista Emiliano José, foi lançado no último dia 14.
Confira entrevista ao próprio Emiliano, em 2001, para a revista Teoria e Debate, em 2001.
Edição: RBA