Com um abraço apertado que sugeria um reencontro entre velhos amigos. Assim foi recebido o chefe de Estado de Cuba, Miguel Mario Díaz-Canel, ao chegar no Palácio Presidencial de Miraflores pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, nessa quinta-feira (30). Saudando a irmandade entre a revoluções bolivariana e cubana, os mandatários aproveitaram o encontro para reforçar a cooperação entre os países em áreas estratégicas.
As primeiras palavras de Díaz-Canel em território venezuelano, ainda no Aeroporto Internacional Simón Bolívar, foram dedicadas a felicitar Maduro, pela vitória eleitoral do último dia 20 de maio. “Trago uma mensagem fraterna e solidária do general do exército cubano Raúl Castro, primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, e do povo cubano para o povo bolivariano, venezuelano, e também para o presidente Nicolás Maduro. Todo o nosso reconhecimento e felicitação pela vitória contundente nas eleições do dia 20 de maio”, declarou.
O presidente cubano cumpriu uma extensa agenda que incluiu uma visita ao Quartel da Montanha, onde fica o mausoléu com os restos mortais do ex-presidente Hugo Chávez. Ele também prestou homenagem ao herói nacional Simon Bolívar no Panteão Nacional, fez um discurso na Assembleia Nacional Constituinte, visitou um centro médico atendido por profissionais cubanos e participou de uma reunião privada com Nicolás Maduro. Na pauta estavam todos os projetos de cooperação entre os dois países.
Solidariedade internacional
“Revisamos todos os projetos de cooperação e assumimos duas linhas de trabalho. A primeira é a renovação e consolidação de todos os projetos e missões em Cuba e Venezuela, isso inclui o acordo energético assinado pelos comandantes Hugo Chávez e Fidel Castro, em outubro do ano 2000”, afirmou o presidente Maduro.
Além disso, a renovação dos acordos prevê a ampliação da cooperação na área da saúde. Atualmente, cerca de 22 mil médicos cubanos fazem parte do programa Bairro Adentro, que inclui atenção básica e especializada. Também será renovada a Missão Milagre, um programa social de saúde que realiza cirurgias e tratamento para cura da cegueira.
Na segunda linha de acordos estão os novos projetos na área industrial, agrícola, mineira, financeira e turística. Isso inclui um plano de 10 anos, segundo informou o presidente venezuelano. O objetivo é desenvolver “uma base econômica sólida entre Cuba, Venezuela e a Alba [A Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América — Tratado de Comércio dos Povos]”, disse Maduro. “O desenvolvimento econômico é o desafio das duas revoluções: a cubana e a bolivariana”, afirmou o mandatário.
Revoluções irmãs
Ao final de sua visita, durante um encontro com médicos cubanos, o presidente Díaz-Canal fez um balanço sobre a jornada de trabalho em território venezuelano. “Estamos aqui para ratificar que nosso apoio à Revolução Bolivariana é incondicional, é invariável”, destacou.
Ele também contou como foi a reunião realizada com o presidente venezuelano. “Pela tarde tivemos uma reunião com o presidente Maduro e com direção da Revolução Bolivariana. Falamos sobre os problemas do mundo, a situação da América Latina e as relações bilaterais entre Cuba e Venezuela. O presidente Maduro propôs relançar todos os programas de cooperação, que alcançou tantos resultados positivos e melhorou indicadores sociais, beneficiando o povo da Venezuela. Fizemos uma análise crítica, também dos erros cometidos e das insatisfações, assim como das potencialidades que podemos ter”, disse Díaz-Canel.
O presidente Cuba afirmou que sua visita à Venezuela foi uma forma de retribuir o gesto de Maduro, que foi o primeiro presidente a visitar Cuba quanto Miguel Díaz-Canel foi eleito presidente do Conselho de Estado e de Ministros de Cuba, no dia 19 de abril.
“A primeira chamada de alento, de compromisso que recebi foi do presidente Maduro, em nome do governo bolivariano, da Revolução Bolivariana e Chavista, e também em nome do povo venezuelano. Foi o primeiro amigo que visitou Cuba, dois dias depois da eleição. Naquela ocasião lhe disse que nos sentimos apoiados e que aquele era um gesto muito íntimo entre duas revoluções irmãs”, expressou Díaz-Canel.
Os dois presidentes representam a nova geração de um processo político e revolucionário que começou com os comandantes Fidel Castro, em Cuba, e Hugo Chávez, na Venezuela. Além de seguir os passos de seus antecessores, prometem vida longa à cooperação econômica e social iniciada há 19 anos entre os dois países.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira