Cerca de 300 agricultores familiares engrossaram, na manhã desta sexta-feira (25), o coro de “bom dia, presidente Lula”, entoada todas as manhãs na Praça Olga Benário, em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, onde Lula está preso desde 7 de abril. Eles concluem em Curitiba a IV Caravana da Agricultura Familiar, que percorreu mais de 1.300 km por todo o Paraná até chegar à capital, onde participarão da Vigília Lula Livre e do ato de lançamento da pré-candidatura de Lula à Presidência da República, no domingo (27).
Durante toda a sexta-feira (25), a programação da Vigília está por conta da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura Familiar do Paraná (Fetraf-PR). O primeiro ato, foi a doação de alimentos para os integrantes da vigília. Após o bom dia, a Fetraf-PR promoveu um debate sobre alimentação saudável e segurança alimentar.
Coordenador-geral da Fetraf-PR, Neveraldo Oliboni, explicou por que os agricultores decidiram encerrar sua caravana na vigília. “Nós queremos demonstrar para a sociedade e para as autoridades nacionais que o Lula é um preso político. Alguém que fez tanto bem para a sociedade e, no nosso caso específico, para a agricultura familiar, não pode estar preso. Estamos aqui para trazer nossa solidariedade e nossa reivindicação. Queremos o Lula livre para que ele continue nos orientando, possa ser nosso presidente, mas se não for presidente, que possa estar no meio de nós, trazendo sua energia e suas ideias para que nós lá no campo possamos continuar produzindo alimento”, disse.
Ele citou as diversas políticas públicas implantadas nos 13 anos de governo do PT, que já foram suspensas ou severamente cortadas nos dois últimos anos, durante o governo Temer. “Poderíamos numerar muitas políticas, mas a questão mais fundamental foi o aumento dos juros e a redução do dinheiro investido na agricultura familiar é uma das questões. O Pronaf está cada vez mais difícil de chegar ao agricultor. Políticas públicas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e o Penae (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que é de distribuição de alimentos, não têm recursos para a agricultura familiar. O programa de habitação rural, que vinha trazendo dignidade para as pessoas no campo, foi totalmente cortado. Não dá para trabalhar dessa forma”.
O corte nos programas de aquisição de alimentos da agricultura familiar também foi um dos motivos para trazer Neusa Viana, de Santo Antônio do Sudoeste até Curitiba. “Estou aqui porque tenho plena convicção de que o Brasil só volta a crescer quando o Lula for presidente de novo. A prisão de Lula é o desmonte de um projeto muito bom que existia para o nosso país e, em particular, para a agricultura familiar. É o desmonte de todos os nossos direitos e conquistas dos últimos anos”, disse. “Um fato muito importante foi na questão do PAA. Presidentes de cooperativas chegaram a ser presos e hoje praticamente não temos esse projeto e, em alguns casos, como o do leite, estamos pagando para produzir”.
Ela contou que não foi fácil organizar a vida no campo para conseguir estar na vigília, mas disse que vale o sacrifício. “Enquanto estamos aqui, alguém da família está na propriedade cuidando da produção ou da criação. Até à solidariedade dos vizinhos nos apegamos para estar aqui. Não é fácil deixar nosso trabalho e nossa família para traz, mas temos que lutar”.
Edição: Juca Guimarães