O presidente reeleito da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu o certificado de vencedor das eleições, concedido pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), nesta terça-feira (21). Em seu discurso, Maduro denunciou uma conspiração planejada por diplomatas dos Estados Unidos e os expulsou da Venezuela.
“Declaro persona non grata o encarregado de negócios dos Estados Unidos na Venezuela, Todd Robinson, e o encarregado do departamento de política da embaixada, Brian Naranjo. Eles têm 48h para deixar o país. O faço por dignidade, união e pela independência nacional. Já basta de conspiração”, disse.
Acompanhado de uma plateia de políticos, ministros, observadores internacionais e apoiadores de várias partes do mundo, Maduro também fez um balanço dos confrontos políticos com oposição venezuelana e convidou os partidos políticos de direita a “um grande diálogo nacional”.
O presidente venezuelano disse ainda que quer receber propostas dos movimentos populares, dos conselhos comunais e Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAPs). “Quero um governo de reconciliação nacional. Um governo de unidade para aprofundar e retomar o caminho revolucionário que é necessário retomar”, afirmou.
Como primeiro passo para a reconciliação nacional, o presidente disse que vai propor à Comissão Nacional da Verdade, da Assembleia Nacional Constituinte, conceder perdão judicial a todos os presos ligados aos protestos violentos da oposição, com exceção daqueles diretamente envolvidos em assassinatos.
Maduro informou que, a partir de quarta-feira, o Palácio Presidencial de Miraflores estará de portas abertas para quem quiser dialogar. “Todos os partidos de direita e de esquerda terão as portas abertas de Miraflores, inclusos aqueles com quem temos muitas diferenças. Bem-vindos, quero escutá-los”, destacou.
Apoio internacional
Após a vitória eleitoral do último domingo (20), o presidente reeleito recebeu felicitações de líderes políticos, governos, partidos e movimentos populares. O presidente da Bolívia foi um das primeiras autoridades a parabenizar o mandatário venezuelano.
“O povo venezuelano soberano triunfou novamente diante do golpismo e do intervencionismo do império norte-americano. Os povos livres jamais se submetem. Felicitações ao irmão Nicolás Maduro e ao valoroso povo da Venezuela”, publicou Morales em sua conta de Twitter.
O governo de El Salvador, liderado pelo presidente Salvador Sanchez Cerén, divulgou um comunicado.
“El Salvador felicita a Venezuela e reconhece os resultados das eleições presidenciais”, disse a nota enviado ao governo venezuelano.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, parabenizou a população: “o povo bolivariano e chavista demonstrou, mais uma vez, sua determinação em defender o legado de Hugo Chávez, que Maduro tão dignamente representa”.
Já o governo da Rússia enviou um comunicado divulgado pelo embaixador do país na Venezuela, Vladimír Zaemski. “Maduro continuará a política de boas relações com o nosso país. Não há dúvida alguma que as palavras ‘colaboração estratégia´ não têm um sentido vazio para ele”.
A China, por sua vez, pediu que os resultados eleitorais da Venezuela sejam respeitados. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Lu Kang, fez uma declaração à imprensa nessa segunda-feira (21).
"As partes interessadas devem respeitar a decisão do povo. No caso de haver uma inconformidade, ela deve ser resolvida dentro do marco legal", expressou o representante chinês.
Direita protesta
Os governos de 14 países latino-americanos governados por partidos de direita divulgaram um comunicado onde afirmam que “não reconhecem a legitimidade do processo eleitoral desenvolvido na República Bolivariana da Venezuela”. Entre os países estão Brasil, Argentina Chile, Colômbia, Honduras, México, Guiana, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Paraguai, Peru, Canadá e Santa Luzia.
A Espanha igualmente se posicionou contra as eleições. O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, disse que “vai estudar, junto com a União Europeia, quais as medidas a serem tomadas contra o governo venezuelano”.
Por sua parte, os Estados Unidos respondeu às eleições com mais sanções econômicas. O presidente Donald Trump proibiu os cidadãos norte-americanos de negociar dívidas com o governo da Venezuela.
Apesar das pressões internacionais, o governo venezuelano ressaltou que as leis do país não dependem do reconhecimento internacional para serem cumpridas. Em sinal de boa vontade, Maduro pediu ao Conselho Nacional Eleitoral que seja feita a recontagem de 100% dos votos. O sistema eleitoral venezuelano prevê uma auditoria em 54% dos votos.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira