MST

O que mais queremos é mostrar o resultado da Reforma Agrária, conta assentado

Adailto Cardozo (34), participa da 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece até domingo (6), em São Paulo

Brasil de Fato | São Paulo |
Adailto Cardozo é um dos 900 agricultores do MST presentes na 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária
Adailto Cardozo é um dos 900 agricultores do MST presentes na 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária - Foto: Rafael Stedile

Desde os 17 anos de idade, Adailto Cardozo, hoje com 34, vive no Assentamento Aquarius, localizado no município de Santa Maria da Boa Vista (PE). A pequena cidade no sertão pernambucano é conhecida como centro de uma região da reforma agrária no estado nordestino. 

“O meu assentamento e outros vários assentamentos no município de Santa Maria da Boa Vista, que é um dos municípios que tem o maior número de assentamentos no estado de Pernambuco, teve sua origem no Assentamento Safra. Em 1995 o Movimento Sem Terra chegou na ocupação da Fazenda Safra. 2.204 famílias ocuparam aquela fazenda e dessa ocupação estratégica surgiram outras 15 ocupações de terra que deram origem a 15 assentamentos no município de Santa Maria da Boa Vista”, conta ele, que participa da III Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo.

A uva veio do Assentamento Safra, enquanto a melancia veio do Aquarius. Já o mamão, do Assentamento Boqueirão, a banana do Conceição, o maracujá do Filhos da Luta, a manga do Brilhante e o melão do Mártires da Resistência. Todos na região de Santa Maria. A delegação de Pernambuco ainda oferece na Culinária da Terra pratos típicos do estado, como a buchada de bode e a macaxeira.  

Foram dois dias inteiros de viagem até chegar a São Paulo. Mas para Adailto, valeu a pena. “O nosso interesse nem é tanto a questão da comercialização, do lucro, mas divulgar os produtos produzidos nas áreas de reforma agrária e mostrar que quem sustenta o Brasil, confirmar para a sociedade de São Paulo que quem coloca o alimento da mesa da população brasileira é sim a agricultura familiar, especificamente da reforma agrária”.

Para ele, espaços como a Feira da Reforma Agrária são importantes para revelar à sociedade o trabalho do Movimento Sem Terra, por vezes discriminado pela narrativa da grande imprensa.

“Uma parcela da sociedade acha que o MST é o que a Globo e o que a elite reproduz. Mas a principal prova está aqui nos produtos produzidos pela reforma agrária. Nenhum produto aqui vem do agronegócio. São produtos produzidos pelas mãos dos pequenos e pequenas agricultoras que produz com o MST a nível nacional”.

A 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária acontece no Parque da Água Branca, na zona oeste da capital paulista. O evento é gratuito, tem programação das 8h às 20h, e termina neste domingo (6). 

Edição: Diego Sartorato