A mobilização do 1º de Maio em Curitiba (PR) foi regada a música e muita energia de luta por parte da militância. O ato realizado na Praça Santos Andrade, no Centro da capital, reforçou as diferentes bandeiras políticas relacionadas ao Dia do Trabalhador.
A programação deste ano é unificada e reúne sete centrais sindicais e diferentes movimentos populares, que trazem como reivindicações a defesa dos direitos da classe trabalhadora e a liberdade do ex-presidente Lula (PT), preso há 24 dias na Superintendência da Polícia Federal no Paraná.
Em todas as regiões do Brasil, foram realizados atos unificados das centrais sindicais. Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre, Salvador, entre outras cidades, protestaram contra a reforma trabalhista do governo golpista do Michel Temer e pela liberdade do ex-presidente Lula. Atos pró-Lula aconteceram também na Argentina, no Chile, na Venezuela, em El Salvador e na Colômbia.
Como de costume, a pauta política deu o tom do 1º de Maio unificado em Curitiba. Para a professora Zélia Jardim, que veio do Rio de Janeiro, a presença massiva de trabalhadores nas ruas contradiz o discurso hegemônico de manutenção da prisão do petista.
“Mostra que o povo resiste, resiste e resiste. Não queremos ele [Lula] preso porque sabemos de toda a perseguição. Fascistas não terão vez neste Brasil que nós queremos construir”, bradou.
O líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), lembrou que Lula completa, em 2018, 50 anos de filiação ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Segundo o deputado, este é o primeiro Dia do Trabalhador do qual o ex-presidente não participa.
“Isso não é uma coisa qualquer. De certa maneira, cada um aqui está fazendo um esforço para atender ao que Lula pediu: representar a voz dele. O fato de este ato unificado ocorrer em Curitiba é uma enorme demonstração de apoio do movimento popular e sindical a ele”, disse Pimenta.
Para o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) Guilherme Boulos, pré-candidato à Presidência pelo PSOL, a unificação de diferentes forças políticas e populares neste 1º de Maio é uma vacina contra o avanço da cultura do ódio.
“Vivemos um surto de violência fascista, a mesma escalada que matou Marielle, que atacou o acampamento de defesa do Lula, que promoveu a prisão arbitrária dele. Neste momento, temos que estar juntos”, defendeu.
O presidente nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, destacou a união do campo popular na atualidade contra a deterioração dos direitos trabalhistas.
Ele também afirmou que a participação de Lula nas eleições presidenciais deste ano seria uma questão democrática e associou o caso à recuperação política e econômica do país.
“Se quisermos a possibilidade de desenvolvimento, de retomada do crescimento da economia, de fortalecimento de direitos, a única via é a democrática. Sem ele nas eleições, o caminho será o fascismo, a intolerância e o agravamento da situação do país”, argumentou.
Um dos milhares de trabalhadores que compareceram ao ato, o professor Rui Barbosa disse acreditar numa possível nova eleição do petista.
Ele levou consigo para a praça a edição de um jornal impresso do dia 22 de outubro de 2002, quando foi noticiada a primeira eleição presidencial de Lula.
“É uma forma de lembrar a ideia que ele mesmo destacou que representa. Estão querendo acabar com essa ideia. Falar de um operário na Presidência é falar do maior símbolo da luta popular no Brasil, e nós queremos isso de novo”, disse.
Antes do ato político, o público conferiu shows de artistas nacionais, com destaque para a sambista Beth Carvalho. Entre as canções, ela puxou os coros “Lula Livre” e “Fora, Temer”. Também se apresentaram os cantores Flávio Renegado, Maria Gadú e Ana Cañas.
Pela manhã, a capital paranaense foi palco de uma marcha popular que terminou nas imediações do prédio onde Lula está preso, além, de um ato ecumênico.
Edição: Katarine Flor