Foram cinco dias de greve dos metroviários de São Paulo em 2014, a maior desde 1988. Entre as reivindicações, os trabalhadores queriam aumento salarial de 10% e auxílio creche para pais. Como retaliação o Metrô demitiu 40 trabalhadores ilegalmente.
Três deles, por serem da executiva do sindicato e terem uma estabilidade diferente, foram readmitidos poucos meses depois. Porém, os outros 37 metroviários permanecem sem poder retornar ao seu local de trabalho, mesmo com a vitória em duas instâncias na Justiça.
Marília Rocha, diretora do Sindicato e uma das demitidas conta que a demissão ilegal, por justa causa e sem provas, foi usada para encurralar a categoria.
"Na verdade pegaram pessoas de forma aleatória para tentar fazer de exemplo para amedrontar a categoria para que ela saísse da greve", disse Marília.
Por não poder demitir por justa causa os trabalhadores em greve, o Metrô alegou uma série de fatos como "perturbação da ordem" que não foram provados durante o julgamento.
"A sentenças dos juízes da primeira e da segunda instância foram favoráveis a gente porque se demonstrou que foi uma demissão política e apesar de termos ganhado a gente não foi reintegrado ainda porque só seremos quando terminar todas as instâncias", comentou Marília.
Embora entenda que a Justiça pode ser influenciada pela governo do PSDB, Marília acredita na reintegração dos trabalhadores.
Gabriel Amorim, trabalhador da estação Sé que também foi demitido em 2014, espera que possa voltar a trabalhar, embora entenda que depois do golpe a situação dos trabalhadores piorou.
"A condição dos trabalhadores do Metrô é o que acontece em última instância em todo o Brasil que é cada vez mais a precarização do trabalho, onde os trabalhadores têm pago o preço do discurso da crise", contou Gabriel.
Uma onda de demissão por uma suposta “baixa produtividade” ocorre atualmente no metrô. Foram cerca de 200 demissões nos últimos seis meses, 40 neste ano, segundo estimativa dos próprios metroviários. Os trabalhadores creditam as demissões à tentativa de se privatizar o serviço.
Com a vida estagnada, os 37 demitidos receberam uma verdadeira manifestação de solidariedade dos outros trabalhadores do metrô e a prova da importância de um sindicato fortalecido. Em assembleia, os trabalhadores decidiram conceder uma contribuição mensal aos demitidos.
"A solidariedade parte dos próprios trabalhadores que participaram da greve com a gente, uma das mais duras da nossa história, e viram como era fundamental não deixar os companheiros que ficaram para trás nessa luta sem eira nem beira", relatou Gabriel.
Sem data para o julgamento em última instância no Tribunal Superior do Trabalho, os demitidos esperam ainda neste ano poder voltar a seus postos de trabalho.
Procurados, o Metrô de São Paulo e a Secretaria de Transporte Metropolitano não se manifestaram até o fechamento dessa matéria.
Edição: Juca Guimarães