A Semana de lutas em defesa da democracia começou com a mobilização de camponeses em Porto Alegre, na capital gaúcha. Mais de 3.500 camponeses entraram em marcha, nesta segunda-feira (22), na cidade de Porto Alegre, onde o ex-presidente Lula será julgado na próxima quarta-feira pelo Tribunal Regional Federal da Quarta Região (TRF4).
De acordo com Bruno Pilon, coordenador do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a marcha foi um ato em defesa da liberdade: "O que a gente tem aqui é uma manifestação forte, firme, das organizações do campo e dos movimentos da Via Campesina, não somente em defesa da possibilidade de Lula se candidatar, mas da liberdade em geral. Porque se uma condenação arbitrária dessas for consumada, imagina o que vai acontecer com nossos camponeses que lutam pela terra e pela alimentação saudável?".
Os trabalhadores, organizados pela Via Campesina, organização internacional de camponeses composta por diversos movimentos populares, marcharam por mais de sete quilômetros e cerca de três horas.
As ações, que serão realizadas durante toda a semana, têm como objetivo chamar a atenção para as irregularidades em torno do julgamento do ex-mandatário no processo conhecido como Caso Triplex.
::Acompanhe as mobilizações em torno do julgamento de Lula
O ex-governador do Rio Grande do Sul Olívio Dutra, do PT, acompanhou a marcha. Em entrevista ao Brasil de Fato, ele destacou a importância da atividade para o debate político. "Aqui estão caravanas de camponeses, trabalhadores sem-terra, e das mais diferentes categorias. A cidadania está despertando e isso é parte de um processo ao qual queremos dar continuidade”, afirmou.
Além de Dutra, também estiveram presentes na marcha diversos políticos e lideranças como a presidenta do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto.
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foi um dos movimentos populares que participaram do ato. De acordo com Ildo Pereira, da direção nacional do movimento, a manifestação marca um momento histórico para o país.
“A gente fez mais uma marcha com resistência a meia dúzia de burgueses que querem evitar que o trabalhador e a trabalhadora escolha seu candidato para essas eleições. Não vamos permitir retroceder tudo o que conquistamos com muito suor do trabalhador brasileiro. Camponeses de diversas partes do Rio Grande do Sul fizeram esse ato pacífico para dizer para a comunidade de Porto Alegre e para o povo gaúcho que também podem vir contribuir para esse momento histórico do país”, disse.
Não foram apenas os trabalhadores rurais e movimentos populares que formaram a marcha. A servidora do Judiciário de Porto Alegre, Mara Weber, também somou-se à luta, destacando que “o Poder Judiciário não é feito apenas por golpistas”:
"A gente entende que o Judiciário teve um papel fundamental dentro do golpe, e hoje também está servindo como ferramenta para garantir o golpe, nesse segundo momento que é impedir Lula de concorrer. Porto Alegre está entendendo que essa é uma semana que vai ficar na história e que estamos escrevendo a história aqui”, afirmou.
A marcha teve início por volta das 7 horas da manhã, partindo da Ponte da Guaíba, na zona metropolitana de Porto Alegre, percorrendo as principais avenidas da cidade até o Anfiteatro Pôr-do-Sol, onde foi montado um acampamento dos movimentos populares. A instalação fica a apenas 500 metros do TRF4 e ficará montado até o dia 24 de janeiro, data do julgamento de Lula. No local, será realizada uma série de atividades, como saraus, debates e grupos de discussão.
Veja como foi a mobilização na cobertura ao vivo realizada pelos enviados especiais do BdF a PoA:
Edição: Vanessa Martina Silva