OCUPAÇÃO

ARTIGO | Universidade pública para quem?

Com arte e cultura, movimento criado na federal de Uberlândia (MG) questiona função social da instituição

Brasil de Fato | Uberlândia (MG) |
Em 22 de setembro, o NuCA realizou um evento de rap aberto à toda população de Uberlândia
Em 22 de setembro, o NuCA realizou um evento de rap aberto à toda população de Uberlândia - Roberto Vicente

Discentes e não discentes ocuparam o antigo Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no Triângulo Mineiro, no dia 12 de setembro. Um dos motivos foi a ausência, dentro da instituição, de um espaço público voltado para a produção artística e cultural. Por sua vez, o antigo RU, estava sem nenhum tipo de uso, por quase um ano, devido a cortes na verba destinada à sua reestruturação.

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O grupo de resistência, ao ocupar esse espaço, enfrentou algumas dificuldades com a reitoria da UFU. Segundo alguns ocupantes, o diálogo com a coordenação do campus teve início no mesmo dia em que eles entraram no RU. A princípio, o local estava sendo disputado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) e pela Diretoria de Cultura (DICULT), que já vinham desenvolvendo um projeto para o bloco junto as coordenações de alguns cursos das Artes.

“Apesar disso, a partir do momento em que começamos a dialogar de forma mais tranquila [movimento e administração superior], encontramos importantes pontos de convergência entre os projetos que tínhamos, nós e eles, para a destinação provisória do espaço, a fim de desenvolver ali um movimento de cultura e arte”, explica a estudante e ocupante Renata Cardoso.

Para oficializar o ato, a forma adotada pelos ocupantes foi a de escrever um projeto dentro das normas da instituição para ceder veracidade às reivindicações. Assim, o projeto Núcleo de Cultura e Arte Carolina Maria de Jesus (NuCA) foi escrito por meio de uma comissão aberta entre os próprios ocupantes. 

O projeto foi finalizado após duas semanas. O método utilizado foi o de debates, conversas e estudo compartilhado. Realizada a entrega do documento à Reitoria, o retorno foi, tanto por parte da PROEXC quanto da DICULT, positivo. 

Em consequência, o objetivo dos ocupantes foi explicitado para a Universidade por meio dos inúmeros eventos programados, organizados e auxiliados por todos. Um dos principais episódios ocorrido ao longo das ocupações foi o “NuCa é Rua”, realizado às sextas-feiras à noite, de proporção temática e contra-hegemônica. Todos os saraus tiveram demarcações culturais e políticas.

O NuCa Carolina Maria de Jesus leva a sério o lema fixado na faixada na Instituição “UFU: um bem público a serviço do Brasil”. É por meio dessa frase que se conhece parte do que os ocupantes reivindicaram ao longo da ocupação: universidade não restrita aos discentes, mas para todo o povo brasileiro. 

A desocupação do local ocorreu na última sexta-feira (13), com a conquista concreta e a institucionalização do antigo RU para fins de cultura e arte. 

*Beatriz Ortiz, Carolina Santos e Roberto Vicente participaram da ocupação do Núcleo de Cultura e Arte Carolina de Jesus e são estudantes do curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia.

Edição: Larissa Costa