OCUPAÇÃO

Ataques de Israel a Gaza entram no terceiro dia: 27 palestinos e um israelense já morreram

Israel justifica a operação, que já matou dezenas de civis, como necessária para neutralizar grupo Jihad Islâmica

São Paulo (SP) |
Ataque ao último andar de um prédio em Gaza matou suposto líder do programa de lançamento de foguetes da Jihad Islâmica Palestina - Said Khatib/AFP

Pelo terceiro dia seguido, Israel atacou novos alvos na Faixa de Gaza, território palestino, nesta quinta-feira (11), enquanto grupos armados continuaram lançando foguetes contra o território israelense, onde as sirenes de alerta foram acionadas em várias cidades.

A violência na região já deixou um saldo de 28 mortos - 27 palestinos e um israelense -, sendo 6 crianças, e 86 feridos, segundo autoridades locais. Entre os casos fatais, um ocorreu em Israel e os demais, em Gaza. Pelo menos 10 mortos eram civis, o que as Nações Unidas qualificaram como inaceitável. O Itamaraty condenou os ataques israelenses.

A tensão começou na última terça-feira com ataques de Israel contra o movimento Jihad Islâmica Palestina - um dos grupos de resistência palestina que atuam no território ocupado, como o Hamas - mas é considerado "terrorista" por Israel, União Europeia e Estados Unidos.

Na quarta, começaram os disparos de foguetes na direção de Israel: 507 ao todo, sendo que 154 foram interceptados pelo sistema de defesa antiaérea, segundo o Exército israelense. O Hamas disse que os lançamentos de foguetes são parte da "resistência unificada" e constituem uma resposta aos "massacres" executados por Israel.

Antes de o dia raiar nesta quinta, Israel atacou o andar superior de um edifício em Khan Yunis, no sul de Gaza, matando três membros da Jihad Islâmica, inclusive Ali Hassan Ghali, considerado líder do programa de lançamento de foguetes.

Segundo o Exército israelense, ali funciona uma plataforma de lançamento da Jihad. Os ataques, que mataram sete outras pessoas, provocaram temores de que a violência se alastre ainda mais. Horas depois, um homem se tornou a primeira vítima fatal do lado israelense, após um foguete atingir um prédio em Rehovot, cidade na região central do país. Outras cinco pessoas ficaram feridas.

Nesta quinta, os dois lados prometeram reagir firmemente a ataques recebidos. Israel, que mantém um bloqueio rígido sobre parte da Faixa de Gaza, mantém as fronteiras fechadas. O governo do Irã, que apoia a Jihad Islâmica, denunciou o que chamou de "atrocidades". O Egito, mediador habitual entre Israel e os grupos armados de Gaza, está tentando negociar um cessar-fogo.

Há dois anos, uma guerra de 11 dias entre o Hamas e Israel levou cidadãos árabes-israelenses a se levantarem em apoio aos palestinos de Gaza e da Cisjordânia. A violência deixou 260 palestinos e 14 israelenses mortos. Pouco depois, a extrema direita cresceu politicamente, tanto que hoje é parte central da coalizão comandada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Condenação brasileira

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou os bombardeios de Israel a áreas residenciais na Faixa de Gaza. Leia a nota, divulgada na terça-feira (9), na íntegra:

O governo brasileiro tomou conhecimento, com consternação, do bombardeio realizado na madrugada de hoje pela Força Aérea de Israel a áreas residenciais na Faixa de Gaza, no Estado da Palestina, provocando a morte de ao menos 13 cidadãos palestinos, incluindo 10 civis, dentre os quais crianças.

O governo brasileiro expressa condolências aos familiares das vítimas e manifesta sua solidariedade ao povo e ao governo do Estado da Palestina.

O Brasil lamenta que em 2023, ano do 30º aniversário dos Acordos de Paz de Oslo, já se tenham registrado as mortes de mais de 100 palestinos e mais de 15 israelenses em conflito. Ao reiterar que não há justificativa para o recurso à violência, sobretudo contra civis, o governo brasileiro apela às partes que se abstenham de ações que levem a uma escalada de tensão.

O Brasil reitera seu compromisso com o direito internacional, com o direito internacional humanitário e com a solução de dois Estados, para que Palestina e Israel possam conviver em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas. Reafirma, ainda, que a mera gestão do conflito não constitui alternativa viável para o encaminhamento da questão israelo-palestina, sendo urgente a retomada das negociações de paz.

 

(Com informações da BBC News e dos jornais O Globo e Washington Post)

Edição: Rodrigo Durão Coelho