A privatização de bancos públicos é uma das cartas nas mesas tanto do Palácio do Planalto quanto do Piratini. Os governos de Michel Temer (PMDB) e do governador José Ivo Sartori (PMDB) vêm colocando a possibilidade de encaminhar a venda de bancos estatais como moeda de troca para virar a crise financeira de ambos os poderes. Para contrapor a ofensiva, senadores e deputados criaram uma frente parlamentar mista em defesa dos bancos públicos. Nesta segunda-feira (09), a iniciativa foi lançada em Porto Alegre, no auditório da Fetrafi (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul).
A frente surgiu de uma articulação do senador Lindbergh Farias (PT/RJ) com o deputado federal Zé Carlos (PT/MA). Bancário de carreira da Caixa Econômica Federal, o deputado explica que a frente conseguiu reunir mais de 180 assinaturas – o mínimo necessário ou um terço de cada casa – mas que havia mais parlamentares interessados em aderir ao movimento. Eles encerraram a lista, porém, para poder divulgar o debate o mais cedo possível.
“Ela tem a função de mobilizar a sociedade para a conscientização do que está acontecendo, das mentiras do governo”, diz o petista. “Não pode olhar só o empregado do banco. Tem que olhar a quem ele atende, que é a sociedade. Essa é a mais prejudicada”.
A ideia pretende debater as mudanças estruturais que vêm sendo encaminhadas no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Além disso, em Estados como o Rio Grande do Sul, pretende também criar a discussão em torno de bancos locais ameaçados de privatização, como é o caso de Banrisul, Badesul e BRDE. (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico).
“Essa Frente é para unificar a luta de todos, para manter o sistema financeiro público. O governo [do Estado] não consegue privatizar o Banrisul por conta da exigência de plebiscito, então está sucateando e vendendo aos poucos. A venda das ações é mais um capítulo dessa história”, analisa o presidente do Sindicato dos Bancários do RS (Sindbancários), Everton Gimenis. Ele se refere ao anúncio feito na semana passada, por Sartori, de que colocaria 49% das ações ordinárias do banco (com direito a voto) à venda.
Já o governo Temer, depois de enxugar o número de agências de bancos públicos em todo o país, estaria preparando a privatização do Banco do Brasil como o primeiro da fila. Segundo informações da Rede Brasil Atual, no final de agosto, o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro denunciou a contratação de Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, integrante do conselho administrativo da empresa Falconi Consultores de Resultado, que foi contratada, sem licitação, para preparar o desmonte do Banco do Brasil.
“São os bancos públicos que fazem, por exemplo, as operações anti-cíclicas na economia. Os bancos privados não querem correr risco, não querem emprestar para o pequeno agricultor, não querem pagar seguro-desemprego, não querem adotar agências VIP para o povo. Eles querem fazer grandes empréstimos de curto prazo e compor com risco”, afirma o deputado Zé Carlos. “Os bancos privados têm foco no financeiro, enquanto os bancos públicos focam no social”.
Edição: Sul21