Um ataque à missão humanitária que visitaria a região de Tumaco, na Colômbia, neste domingo (8), foi denunciado pela Alba Movimentos, que reúne organizações populares de diversos países das Américas.
A proposta da missão humanitária era visitar o local onde ocorreu o massacre que resultou na morte de 9 camponeses e outras 50 pessoas feridas na última quinta-feira (5).
Na ocasião, policiais militares e membros da Esquadrão Móvel Anti-distúrbios (ESMAD) dispararam com armas de fogo contra mil camponeses que se mobilizavam de forma pacífica desde o dia 28 de setembro. Eles exigiam uma série de demandas ao governo diante do não cumprimento dos acordos de paz assinados entre o governo nacional e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Os integrantes da missão foram vítimas de ameaça por parte da ESMAD, de policiais encapuzados que filmaram os rostos dos e das participantes.
A missão está composta por diversas organizações defensoras dos direitos humanos, entre elas, integrantes do Comitê Permanente pela Defesa dos Direitos Humanos na Colômbia, por membros da Justapaz, CONPAZ, Corporação Yira Castro, Minga, Somos Defensores, Diocese de Tumaco e Comissão de Justiça e Paz, junto com representantes do governo municipal, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos e da Missão de Apoio ao Processo de Paz na Colômbia (MAPP-OEA). Neste momento, a missão se encontra em Tandil, cidade próxima ao local onde ocorreu o massacre.
Diante do ataque, em nota, as organizações que compõem a missão exigiram do presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e de seu governo "a retirada das unidades policiais que se encontram na região Tumaco; a adoção de medidas de proteção imediata para a população de Tandil; o respeito às garantias dos integrantes da missão humanitária, dos defensores dos direitos humanos e da paz presentes na zona do massacre; o respeito às garantias legais para o exercício da liberdade de expressão dos jornalistas locais, regionais e nacionais; a criação e a implementação de um plano de substituição acordado com as comunidades e a sua vinculação aos Planos de Desenvolvimento com Enfoque Territorial (PDEts)".
Em nota oficial, a Via Campesina também repudiou o massacre ocorrido em Tumaco e expressou sua solidariedade com os camponeses colombianos. "Repudiamos energicamente os acontecimentos lamentáveis do massacre contra os camponeses, acontecimentos que representam um ataque ao movimento camponês colombiano e de toda a América Latina. Exigimos que o governo nacional ofereça as garantias de proteção aos direitos humanos, a desmilitarização da zona, o cumprimento aos acordos de Paz assinados em Havana e o respeito à substituição acordada dos cultivos de uso ilícito de forma voluntária pelas comunidades", pontuou a entidade.
Edição: Simone Freire