A segunda visita do ex-presidente Lula (PT) a Curitiba, para prestar depoimento como réu na operação Lava Jato, será acompanhada de um ato político. A Segunda Jornada de Lutas pela Democracia foi convocada pela Frente Brasil Popular nesta quarta-feira, dia 13, a partir das 15 horas, na Praça Generoso Marques, centro de Curitiba. No início da noite, o ex-presidente deve se pronunciar e agradecer a solidariedade e a defesa dos seus direitos políticos
Enquanto Lula depõe ao juiz de primeira instância Sérgio Moro, no prédio da Justiça Federal, apoiadores do ex-presidente vão promover atividades culturais e uma aula pública sobre a operação Lava Jato. O jurista responsável pela aula será o ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão, que participou recentemente do chamado “Tribunal Popular da Lava Jato” em Curitiba.
Aragão é crítico à forma como a operação tem sido conduzida, com base em exposição midiática, prisões preventivas e ataques ao amplo direito de defesa.
Os movimentos sociais articulados na Frente Brasil Popular concordam com esse ponto de vista crítico. Para Gustavo Erwin Kuss, a Jornada de Lutas pela Democracia é o momento para um balanço aprofundado das consequências da Lava Jato.
“A Lava Jato rasgou direitos e garantias individuais, além de destruir setores estratégicos para a economia. Foi parte do golpe [de Estado que retirou Dilma Rousseff da presidência] e é preciso que o povo saiba disso. A Jornada de Lutas é um bom momento pra falar disso com a população de Curitiba”, analisa.
Também na tarde desta quarta-feira, será lançado o livro “Comentários a uma sentença anunciada: o processo Lula”, pela editora Práxis e Instituto Declatra. O livro reúne artigos de juristas brasileiros que criticam as bases da sentença do juiz Sérgio Moro no “caso triplex”. Segundo eles, o ex-presidente foi condenado em primeira instância sem as devidas provas.
Crise econômica e alternativas
Além do aspecto cultural e da reflexão sobre o Judiciário, a Segunda Jornada de Lutas pela Democracia conta com a participação de João Pedro Stédile, do MST e da Frente Brasil Popular, para falar do chamado “Plano Popular de Emergência”.
Na avaliação de Daiane Machado, integrante da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o plano é a possibilidade de cada setor da população discutir suas pautas de forma mais ampla. “A produção e distribuição de energia elétrica se transformou em lucratividade para o capital internacional. Discutir um plano popular para o país é discutir também um projeto energético popular e assim garantir a soberania nacional”, afirma.
O plano construído pelos movimentos sociais e inclui medidas para combater o atual desemprego e falta de investimentos no país.
Confira a programação:
14h: Previsão de início do depoimento da ex-presidente Lula à Justiça Federal.
15h: Início do ato cultural e político na Praça Generoso Marques, com apresentação do músico Pereira da Viola, de Minas Gerais, e de artistas curitibanos dos grupos Samba da Resistência, Del Ghetto, e o cantor Elian Woidello.
16h30: Aula pública sobre os métodos utilizados pela Operação Lava Jato, com presença de Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça, Emir Sader, sociólogo e cientista político, e Roberto Requião, senador paranaense.
17h30: Lançamento do livro Comentários a uma sentença anunciada: o processo Lula, publicado pelo Projeto Editorial Práxis, com apoio do Instituto Joaquín Herrera Flores e Instituto Declatra. A obra, organizada por juristas, traz argumentos técnicos relativos à primeira sentença de Sergio Moro contra o ex-presidente. Com participação de João Pedro Stédile, do MST e da Frente Brasil Popular, para falar do“Plano Popular de Emergência”.
18h - Ato com Lula
Edição: Daniel Giovanaz