Preso desde setembro de 2016 pela Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci prestou depoimento como réu ao juiz federal Sérgio Moro na última semana. Como já era aventado, seu relato incriminando Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff consolidou sua intenção em realizar uma delação premiada.
O Partido dos Trabalhadores (PT), assim como os ex-presidentes, reagiram ao que foi dito. Em nota pública, a Comissão Executiva Nacional do PT afirma que o relato de Palocci se deu “sem apresentação de provas”, o que tornaria “mais claro o caráter de perseguição política movida por setores da Justiça” contra a legenda.
Palocci foi condenado por Moro a 12 anos de prisão em junho de 2017. Seu novo depoimento contrasta com o prestado antes da sentença, em maio deste ano, no qual não apontava envolvimento do ex-presidente em supostos esquemas de corrupção com a Odebrecht.
Para o PT, Palocci repete o feito por Delcídio do Amaral e Léo Pinheiro, que mudaram seus depoimentos “buscando a diminuição de suas penas, depois de permanecerem presos por um longo tempo”. O partido também atentou para o período de tempo do novo relato, realizado “às vésperas de um novo depoimento de Lula ao juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba” e “em um momento em que ele lidera todas as pesquisas de opinião para as eleições de 2018 e após o êxito de sua caravana pelo Nordeste”.
O Instituto Lula, também em nota, afirmou que o novo relato de Palocci reforça arbitrariedades cometidas contra o ex-presidente.
“Palocci repete o papel de réu que não só desiste de se defender como, sem o compromisso de dizer a verdade, valida as acusações do Ministério Público”.
As afirmações do ex-ministro devem ser compreendidas como a “situação de um homem preso e condenado em outros processos pelo juiz Sérgio Moro que busca negociar com o Ministério Público e o próprio juiz Moro um acordo de delação premiada que exige que se justifique acusações falsas e sem provas contra o ex-presidente Lula”, sinaliza o documento.
Dilma Rousseff contestou a acusação de que teria beneficiado a Odebrecht ao não permitir que a mesma empresa ou consórcio ganhasse a concessão de mais de um aeroporto.
“Tal decisão foi tomada pelo governo para gerar concorrência entre as empresas concessionárias de aeroportos. Buscou-se evitar que, caso uma empresa tivesse a concessão de dois aeroportos, priorizasse um em detrimento do outro. A empresa Odebrecht, que ganhou a disputa junto com o grupo Changi, pagou R$ 19,018 bilhões pela outorga do Galeão. Sem dúvida, é a maior outorga paga por aeroportos no Brasil, o que afasta a acusação de beneficiamento indevido declarada por Palocci”, escreveu em nota.
“A colaboração implorada é o esforço de sobrevivência e a busca por liberdade. Isso não significa que se amparem em fatos e na verdade. É um recurso desesperado para se livrar da prisão”, finalizou o texto de Rousseff.
Edição: Simone Freire