Depois de percorrer quase 5 mil Km passando por cerca de 60 cidades dos nove estados do Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou a primeira etapa da Caravana Lula pelo Brasil na noite desta terça-feira (5), na capital maranhense São Luís.
Em seu último discurso, Lula ressaltou o papel dos movimentos populares e sindicais na construção da caravana. Também lembrou de atividades marcantes do percurso, como a visita ao metrô de Salvador, a formatura da turma de humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e a travessia pelo Rio São Francisco, que classificou como apoteótica.
“Estou cansado, mas é o cansaço da batalha e estou aqui para dizer que se eles querem disputar, vamos disputar nas ruas; se querem prender corruptos, prendam o Geddel com as malas de dinheiro; se eles inventaram uma mentira para me julgar e não sabem como sair dessa mentira, é um problema deles. O que mais me inquieta é que a Lava Jato é refém da Rede Globo”, disse o ex-presidente ao se referir a perseguição que vem sofrendo.
Lula ainda ressaltou que em seu governo o Brasil saiu do mapa da fome e destacou a necessidade de defender a democracia. “Eu descobri que a democracia que eu quero é diferente da que a elite quer. Você só pode gritar que está com fome, mas não pode comer”, ironizou.
“Eu queria que todo governante desse país fizesse uma caravana, conversasse com povo, abraçasse o povo. Eu digo ao povo: 'ninguém pode perder a esperança'”. Sobre a possibilidade de disputar as eleições do ano que vem, Lula reforçou: “Se eu for candidato, sou candidato para ganhar, vou provar novamente que um torneiro mecânico tem mais competência para governar que a elite desse país. Nós aprendemos que não queremos mais morar na Senzala, e sim morar na Casa Grande. Nós vamos voltar a governar esse país, nós o povo brasileiro”, finalizou.
Avaliação
Antônio Pereira, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), acompanhou todo o percurso da caravana e avalia que “foi muito importante ver o Lula voltando para base. Ele tomou um banho de povo e o povo veio até ele colocando as esperanças em um futuro melhor”, avaliou.
Antônio lembra das passagens da caravana pelos acampamentos do MST ao longo do percurso. Para ele, a presença do movimento em todos os estados foi marcante. “O Lula agora acendeu o pavio nas mãos do povo. Agora está nas mãos dos movimentos populares e sindicais garantir essa chama acesa não só nas eleições de 2018, mas no dia a dia da luta”, conclui.
Não é a primeira vez que Lula sai nesse tipo de viagem pelo Brasil. Entre 1993 e 1994, percorreu 359 cidades na Caravana da Cidadania. O percurso da Caravana de 2017 incluiu visitas à Universidades, Institutos Federais, acampamentos, portos, museus, bairros populares, obras, conhecendo o impacto que as políticas públicas criadas nos governos de Lula e Dilma Rousseff tiveram na vida das pessoas, mas também o desmonte em curso dessas mesmas políticas promovidas pelo governo golpista de Michel Temer.
Paulo Cayres, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CMN) e representante da integrante da direção nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), também acompanhou boa parte da caravana. “Não precisávamos falar dos avanços, o povo já tinha na ponta da língua o Pronatec, Fies, Prouni, Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e todos os benefícios que tiveram”. Ele também afirma que a CUT sai com ânimo renovado da Caravana para a luta contra as reformas do atual governo. “Vimos aqui nos olhos do povo que eles não vão aceitar os retrocessos”, acredita.
O vice-presidente do PT e coordenador da caravana Lula pelo Brasil, Márcio Macedo, avalia que a "caravana superou todas as expectativas. Nós já sabíamos do carinho do povo do Nordeste pelo presidente Lula, mas o que nós vimos foi algo superior ao que tínhamos planejado. Rodamos os nove estados do Nordeste de ônibus, fizemos um planejamento de 26 cidades e fomos em quase 60 cidades, uma caravana que foi no sertão, capital, litoral, agreste, foi em todos os biomas da região na caatinga, na mata atlântica, na restinga”, destaca.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque