O prefeito da cidade de São Paulo, João Doria (PSDB), iniciou, em sua gestão, o maior projeto de privatizações da história da cidade de São Paulo. O estádio do Pacaembu, o Parque do Ibirapuera, o sistema de bilhetagem do transporte público — o Bilhete Único — e o Autódromo de Interlagos são apenas alguns dos locais que o psdbista pretende entregar para a iniciativa privada.
Essas medidas, no entanto, têm gerado resistência na população. A costureira Alicia, de 57 anos, vê essa possibilidade com preocupação: "Já pensou? Você vai no lugar, chega lá e você não pode entrar? Você não pode mais usufruir de uma coisa que sempre foi sua? Aí é um roubo contra a população, você não acha?".
A estudante Briane, de 21 anos, também vê com ceticismo a ideia de que privatizar vai melhorar os serviços oferecidos. Para ela, o prefeito terceiriza as responsabilidades. "Na minha opinião, ele não tem um governo democrático. Não pergunta para as pessoas o que é melhor. Para mim, vender para empresas privadas o que é nosso é ridículo. Porque ele não faz nem seu trabalho e quer ficar vendendo aquilo que não é dele, que é nosso", aponta.
A falta de consulta popular para esse processo de privatizações de Doria motivou a criação da campanha "São Paulo não está à venda". Formada por diversos movimentos populares e organizações, a iniciativa pede que seja feito um plebiscito com os habitantes da cidade para que essas decisões sobre o patrimônio público possam ser tomadas. É o que explica Américo Sampaio, da organização "Nossa São Paulo", uma das participantes:
"São praças, parques, mercadões, Bilhetes Único que estão sendo transferidos para a iniciativa privada. E tudo isso está sendo feito sem ouvir a população, que é a dona desse patrimônio todo. E está sendo feito sem consultas . Não tem nenhum procedimento em que a população possa opinar se quer ou não que todos esses ativos sejam transferidos para a iniciativa privada", ressalta Sampaio.
Na tentativa de criar estratégias de participação popular, a iniciativa tem como objetivo coletar 160 mil assinaturas, o que representa 2% do eleitorado paulista, e enviar para a Câmara Municipal para que um plebiscito seja convocado pela população.
Além do plebiscito, a campanha pretende realizar debates para que a população possa discutir os impactos da privatização na cidade. É possível entrar em contato com a organização da campanha pelo email [email protected].
Confira a programação de atividades:
Coleta de assinaturas
Domingo (03/09) às 14h na Paulista (Pq. Trianon)
Quinta-feira 31/08 às 19h na assembleia dos metroviários
Ato de “Lançamento” público oficial da campanha:
Domingo 17/09 a partir de 13h na Av. Paulista
Próxima reunião do comitê SP não está à venda:
Terça feira 05/09 às 14h, no centro de formação do Sindsep (rua Barão de Itapetininga, 163, 2° andar).
Edição: Vanessa Martina Silva