Maria Lima tem 80 anos, mãe de 15 filhos, assentada e fundadora do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no estado do Ceará. Ela conheceu, emocionada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na passagem da Caravana Lula pelo Brasil, por Quixadá (CE), na última terça-feira (30). “Eu sou uma agricultora que já sofreu muito na vida trabalhando para patrão”, relata.
Maria conta que começou a luta organizando a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1977, depois foi formando grupos de mulheres e participando do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. “Naquele tempo a gente ia se organizando por conta da situação de fome e de miséria. Não era pobreza o que passávamos, era miséria mesmo. Nós estávamos na rua para reivindicar alimento e trabalho, dei muito trabalho à polícia, qualquer movimento eu estava no meio”.
A vida como peleja era a vida de Maria. “A gente ia com mil pessoas para a rua, mas os que ficavam em casa ficavam com fome. Era um sofrimento muito grande, aí veio gente de outros lugares para ajudar e fomos percebendo que a luta não era só por comida, ela era por terra. Se nós tivéssemos a terra íamos ter comida”.
O I Encontro Nacional do MST aconteceu em 1984, em Curitiba (PR), e Maria foi representando o Ceará. Lá conheceu o movimento e ajudou a articular a vinda de algumas lideranças para o trabalho na região. Em 1989, depois de um trabalho de alguns anos, a família de Maria era uma das 500 que ocuparam a Fazenda Reunido de São Joaquim, no município de Madalena, Sertão Central do Ceará, um complexo com 12 fazendas improdutivas. Nascia ali o MST no Ceará. “Saímos da teoria, das orações e fomos ocupar a terra prometida”. A ocupação aconteceu e a conquista veio depois de muita luta.
De lá para cá, Maria não parou, “depois que conquistamos a nossa terra, fomos ajudar as outras pessoas a conquistar também”. Ela nunca mais saiu do MST. “Dos 15 filhos só um me acompanhou na militância”, conta. Francisco Antônio, o Toninho, filho de Maria Lima, é dirigente do MST no Ceará.
O encontro com Lula fez ela relembrar seus dois mandatos. “Demorou para ele ser eleito, mas ele veio no tempo certo. Nós elegemos ele para mexer na pirâmide social e ele mexeu, acabou com a miséria e com a fome, nós podemos dizer que com o presidente Lula e com a presidenta Dilma nós nunca mais tivemos prisão, encontramos a liberdade. Tenho 80 anos, mas ainda quero votar no Lula de novo e ver ele ganhar”.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque