São Paulo

Festival de Curta Metragens mostra crescimento de produções indígenas e femininas

Mostra começa nesta quarta; tema deste ano é "humor em tempos de cólera", em referência ao cenário político

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Filme "Mãe Natureza" conta a história de uma comunidade em busca de vingança, após a morte misteriosa de um indígena
Filme "Mãe Natureza" conta a história de uma comunidade em busca de vingança, após a morte misteriosa de um indígena - Curta colombiano "Mãe Natureza"/Divulgação

A 28° edição do Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo traz visibilidade para temas representativos, como os das mulheres, negros e indígenas. Organizado pela Associação Kinoforum, o evento está dividido em três eixos: mostra internacional, mostra latino-americana e programas brasileiros.

As questões indígenas marcam presença na mostra latino-americana. O filme “Mãe Natureza”, de Jorge Navas , é uma produção colombiana que conta a história de uma comunidade em busca de vingança, após a morte misteriosa de um indígena. O curta será exibido no Cinesesc, na região central da cidade, às sete e meia da noite, na próxima segunda-feira (28).

Em conversa com a Radioagência Brasil de Fato, a diretora do Festival, Zita Carvalhosa, disse que, hoje, a produção sobre temáticas indígenas avançou no Brasil, assim como na América Latina: 

 "Filmes feitos por índios e a temática indígena como assunto a ser tratado aumentou muito. É uma coisa muito legal. Hoje a gente faz seleção entre filmes que tratam de índios no Brasil, antes tinha um, dois, e a gente colocava pelo tema. Pela primeira vez, a gente sentiu que tinham mais filmes com essa temática na mostra latino-americana e de boa qualidade", ressaltou Zita.

O evento, que reunirá 365 produções audiovisuais de 55 países, começa nesta quarta-feira (23) e vai até dia 3 de setembro. Todas os curtas terão entrada gratuita e vão ser exibidos em diferentes espaços da capital paulista, como o Museu da Imagem e do Som (MIS) e a Cinemateca Brasileira.

Zita também comenta que o Festival sempre teve a preocupação de representar as mulheres e que, neste ano, há maior presença delas entre os diretores das produções: "Quando a gente fez uma retrospectiva do cinema feminino no Brasil — quer dizer, quem fazia curta metragem — foi no começo dos anos 2000 e a gente teve dificuldade de achar filmes realizados por mulheres. Hoje, praticamente a metade das inscrições são de filmes realizados por mulheres." 

Cineastas integrantes da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN) também estão presentes no Festival e assinam a curadoria da série "Empoderadas". Idealizada por Renata Martins, cineasta paulistana que luta contra o racismo e o machismo, a primeira exibição da séria acontece no MIS, às nove horas da noite deste domingo (27). 

Nesta edição, o Festival traz como mote o "humor em tempos de cólera". Zita explica que a ideia é dialogar com o  atual cenário político e social, sem agressividade. 

"Acho que a gente está em um momento, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, bastante denso e complicado, em que as pessoas precisam tentar se comunicar sem tanto ódio. A Laerte fez o cartaz para a gente, que mostra justamente o ódio sendo tirado de dentro (das pessoas) para conversar. É um cartaz muito lindo", pontua. 

A programação completa do Festival Internacional de Curtas-metragens de São Paulo  está disponível no site do Kinoforum. 
 

Edição: Camila Salmazio