Há cerca de um mês, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi absolvido em segunda instância em um dos processos da Lava Jato. Ele havia sido condenado pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro a 15 anos e quatro meses de prisão, pelos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e corrupção.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que retirou a pena por falta de provas, é o mesmo que vai julgar o ex-presidente Lula em segunda instância no “caso triplex”. A semelhança entre os dois casos é que a sentença de Moro está baseada quase que exclusivamente em delações premiadas.
A Operação Lava Jato trabalha com a hipótese de que o caminho da corrupção passa por cinco atores: diretores da Petrobras, doleiros, executivos de empreiteiras, tesoureiros de partidos e os próprios políticos, que se beneficiam dos esquemas.
Os procuradores de Curitiba venderam ao país a ideia de que a corrupção estava em todas as esferas, e foi assim que ganharam legitimidade para ampliar as investigações.
Acontece que a absolvição de Vaccari desmontou, ou pelo menos colocou um ponto de interrogação sobre essa teoria. Ao considerá-lo inocente naquele processo, o Tribunal sinaliza que o caminho da corrupção pode ser diferente do que a mídia e o Judiciário têm propagado nos últimos três anos.
E é por isso que a notícia da absolvição repercutiu menos do que deveria: eles não conseguiram lidar com tamanho constrangimento. O único desembargador que pediu a condenação dele em segunda instância foi João Pedro Gebran Neto, admirador e amigo pessoal de Sérgio Moro.
O ex-tesoureiro do PT foi condenado por Moro em outros quatro processos, por crimes semelhantes. Ser absolvido em uma ação não significa que Vaccari será inocentado em todas elas. Mas é um convite para os juízes, procuradores e comentaristas políticos repensarem as suas convicções. Será que vale a pena embarcar no depoimento de réus confessos? Não é precipitado citar uma notícia de jornal no texto da condenação, como fez Sérgio Moro? Será que as peças do tabuleiro da corrupção são, de fato, aquelas que as capas de revista insistem em condenar? É hora de voltar algumas casas e repensar os próximos movimentos, para não cometer mais injustiças.
Edição: Camila Maciel