Na somatória das ocupações realizadas em sua Jornada Nacional de Lutas, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupou um complexo de fazendas pertencentes ao empresário Eike Batista, preso por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A ocupação aconteceu na madrugada desta terça-feira (26), no complexo de fazendas com cerca de 700 hectares em São Joaquim das Bicas, região metropolitana da capital mineira Belo Horizonte. Cerca de 200 famílias sem-terra participaram da ação.
As terras fazem parte da MMX Mineração e Metálicos, empresa falida do empresário e encontravam-se abandonadas. Em nota, o MST apontou que a área sofreu constantes violações ambientais com a atividade mineradora frequente em seu solo.
Em conversa com o Brasil de Fato, Silvio Neto, da coordenação estadual do MST, contou que foram três as motivações centrais do movimento para ocupar essas terras. Em primeiro lugar, ele aponta as consequências causadas pelas atividades da mineradora para a região.
Neto argumenta que a região metropolitana de Belo Horizonte está sendo fortemente atingida por uma crise ambiental e econômica, agravada pela empresa de Eike. "No aspecto da crise ambiental, a atividade que a MMX do Eike Batista exerceu aqui na região comprometeu o abastecimento de água de toda a região metropolitana", disse.
O movimento também aponta a desigualdade refletida na situação, argumentando que, enquanto Eike Batista responde ao processo por corrupção em prisão domiciliar, milhares de famílias da região enfrentam a crise financeira acompanhada da falta de emprego, terras e moradia digna.
Por último, o MST coloca que também pretende pressionar o poder público e os órgãos ambientais responsáveis pela distribuição de terras por meio da reforma agrária e pela fiscalização das violações ambientais cometidas pelo empresário na área.
Desde o início de março, cerca de 600 família sem-terra ocupam a fazenda Santa Terezinha, no município de Itatiaiuçu, do mesmo empresário, também em Minas Gerais. O acampamento denominado "Maria da Conceição" continua com a ocupação até hoje.
Luta
Em sua jornada iniciada nesta terça-feira (25), que carrega o lema "Corruptos, devolvam nossas terras!", o MST também pretende denunciar a relação do agronegócio com o golpe parlamentar e midiático que retirou Dilma Rousseff da presidência do país.
O movimento reivindica a saída do presidente golpista, Michel Temer (PMDB), o fim da retirada de direitos sociais por meio das reformas impopulares impostas por Temer e sua base aliada e eleições diretas para a Presidência da República.
"Nós não vamos permitir que os golpistas e os corruptos continuem atacando os nossos direitos, tentando retirá-los. O MST, com essa jornada, mostra que vai haver resistência e vai haver luta no Brasil, e que essa é a disposição da nossa organização que reflete a disposição do povo brasileiro", completa o integrante do MST.
Edição: Luiz Felipe Albuquerque