Desmonte

Crônica | Novos e velhos ratos saqueiam caixa, anéis ou papéis na república

A capacidade de reprodução dos roedores é proporcional ao estrago que provocam

Brasil de Fato | Ponta Grossa (PR) |
Estudos empíricos já indicam que gordas ratazanas vivem mesmo da apropriação de bens custeados pelo incauto e desinformado contribuinte
Estudos empíricos já indicam que gordas ratazanas vivem mesmo da apropriação de bens custeados pelo incauto e desinformado contribuinte - Latuff

Camundongos, ratos, roedores ou ratazanas. Fato é que a tal espécie opera como uma "praga",  que parasita nos mais diversos espaços, sejam naturais ou artificiais. A capacidade de reprodução dos roedores é proporcional ao estrago que provocam em variados ambientes em que os humanos, também, tentam se virar. Seja na produção agrícola, em espaços comerciais ou industriais, ratos sobrevivem ainda em ambientes residenciais ou mesmo de serviços e de circulação pública. Em armazéns, empórios ou silagem de alimentos, é comum os roedores avançarem além do limite, deixarem rastros de doenças, prejuízos diretos e indiretos aos humanos e demais espécies da cadeia nem sempre ecológica. Em geral, a ação da rataiada é devastadora: não tem perdão ou meio termo!

Seja em níveis locais, regionais ou nacionais, o estrago avança com a mesma voracidade dos vícios e hábitos destruidores com que operam. E, talvez pela média de roedor por habitante humano registrado no País (estimado em 15 nas áreas urbanizadas e de 8 animais por habitante per capita nacional), fato é que as ninhadas avançaram mais rapidamente no caixa do contribuinte, com mais desespero nos últimos anos, ocupando espaço e se aninhando em espaços que, até então, ainda, insinuavam um certo prestígio e pompa representacional.

Em terras verde-amarelas, a ação dos roedores é considerada responsável direta pela perda de um terço de toda produção de grãos e cereais. No serviço médico, a cada três dias, estima-se que um habitante procura atendimento por lesão ou ataque da rataiada, que não age tão silenciosamente quanto alguns dos 'amigos' propagam nas vozes oficiais do entreguismo tardio. Por ventura ou maldade, o tempo médio de vida de um rato, em condições nacionais, coincide com a duração física de um mandato parlamentar, quando bem 'alimentado', seja pela facilidade de acesso e livre circulação em ambientes produtivos.

Seria lenda, não comprovada, a hipótese de que a rataiada vive melhor em espaços públicos. Estudos empíricos já indicam que gordas ratazanas, e por vezes estufados camundongos, que se apresentam como bons gestores privados, vivem mesmo é da apropriação (em geral, indevida) de bens custeados pelo incauto e desinformado contribuinte.

Há, contudo, controvérsias quanto ao tempo médio de vida de um roedor na vida púbica: em alguns casos, traiçoeiras ratazanas se reproduzem e deixam filho ou netos em cargos, como se fossem 'hereditários', parasitando por vários interstícios mandatários e, por vezes mesmo, chegam a proliferar por décadas. Registros (históricos) confirmam casos de parasitismos que envergonham a rataiada da era medieval, quando as políticas de limpeza e transparência eram desejos visionários de poucos! Quando ratazanas e camundongos se cruzam, ninhadas se fortalecem e chegam e ocupar espaços simultâneos em diferentes esferas de ação. Acasalamentos, nepotismos, favorecimentos e encostos parasitários chegam a gerar casos de invejar interações biológicas. Eles, além disso, são causa de inúmeros registros de Incêndio e destruições, em dados momentos quando envolvem desmonte de provas ou rastros de apropriações indevidas do erário.

Parasitas por excelência, no Brasil, tais roedores são mais vistos em prédios públicos, por coincidência com mais habitualidade nas diversas esferas de poder e gestão. Em alguns casos,  são mais vistos em poucos dias da semana, por vezes, entre terça e quinta-feira. Fora disso, viajam ou migram para garantir vantagens e privilégios, que a viúva ignora ou se deixa saquear.

Leptospirose, pneumonia, saque, transporte não autorizado, febre, mordidas, arrastam pulgas e outros insetos, além de roer e se apropriar de bens dos mais diversos espaços públicos do Pais, fato é que a rataiada configura, em pleno 2017, um dos mais destruidores personagens do caixa do contriba republicano. Existe, inclusive, hipótese de que alguns camundongos causam lesões cerebrais nos atores do entorno, a tal ponto que os mais prejudicados saem às ruas e praças para defender os mesmos parasitas que saqueiam a choldra coletiva. Em tais casos, nem mesmo a psicologia social conseguiu, até o momento, explicar as relações de dependência e servilismo mutualista que o parasitismo tardio provoca nas conexões neurais dos afetados, o que inclui outra suspeita e hipótese: eles (os ratos e comparsas) também causam miopia social!

Existe, ainda, um outro tipo de doença provocada pela rataiada, que circula em tempos de crise, sob um velho pretexto de levar uma palavra da salvação. Um dos vícios, em tais casos, implica tamanho grau de servilismo que os afetados (irmãos) pagam para ser explorados ou enganados e manter estufadas ratazanas em privilegiados espaços coletivos. Nos espaços coletivos, quanto maior o grau de parasitismo mais as velhas ratazanas sem aninham em alguns segmentos ou aglomerações coligadas de roedores

Desratização, desinfetante, inseticida e outras técnicas de limpeza parecem não ter o mesmo efeito para rifar os roedores dos espaços refrigerados da casa grande. O tal instinto destruidor dos roedores, inclusive, chega a resistir a determinadas medidas saneadoras, pois se rebelam para sobreviver e ampliar os espaços e hábitos de morder e avançar nos bens da viúva, como que em retaliação aos eventuais esforços para acabar com a rataria.

Na ânsia destruidora de tais roedores, nada parece saciar a rapinagem de dentes que crescem continuamente: madeira de lei, pedra preciosa, metais nobres, cédulas em cash, malas em espécie, enfim uma lista de bens e valores que se tornam alvos mirados pelos parasitas da vida pública. É a tal síndrome da "ladroagem" instituída, que suspeita-se corre no cérebro dos referidos animais. É, por isso mesmo que alguns prédios públicos são, reconhecidamente, espaços de maior concentração de roedores (quase ladrões) por metro quadrado e média per capita de toda a república. Um estudo em andamento, em breve, deve esclarecer melhor o assunto. É o que informam analistas que, por sobrevivência ou temor das ratazanas, preferem não se identificar.

Existem roedores das mais diversas faixas etárias. No geral, entretanto, o hábito, o vício e a rapinagem na roedura e estrago por apropriação assegura uma espécie de "identificação da cultura da ladroagem legitimada por anos, décadas ou, quiçá, séculos de fraude parasitária. Entre tantos, alguns ratos são considerados, e até louvados, como líderes... Enganam com mais facilidade, negaceiam no deslocamento, posam para luzes artificiais, se insinuam como cordeiros amansados no pasto alheio, louvam ao deus deles e, dizem estudiosos, roem e mordem mais que os pares da espécie destruidora.

Ratos também roubam merenda (seja na escola, empresa ou família), somem  com documentos públicos relevantes, saqueiam depósitos e cada vez mais não temem gatos e outros animais que ameaçam sanear os espaços já contaminados ou controlados por velhas e traiçoeiras ratazanas. No fundo, suspeita-se que, pelo próprio hábito de viver no esgoto, eles querem mais é privatizar também o serviço de saneamento básico e, assim, mais facilmente deixar a república em um mega mar de lama.

Um recente gesto coletivo conseguiu agregar cerca de cinco dezenas de velhas ratazanas - também em pleno espaço público - para saquear míseros proventos de um, agora extinto, pecúlio coletivo. Como se vê, a onda parece não ter fim. E, logicamente, preocupa, aos menos os humanos que batalham diuturnamente por uma vida digna e justa para todos/as de preferência, longe dos ratos!

*Sérgio Gadini é jornalista, professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e membro da Frente de Movimentos Sociais de Ponta Grossa / Contato: [email protected]

Edição: Ednubia Ghisi